Obama deve focar discurso em desigualdade fiscal


  • Jonathan Ernst / Reuters

Por Matt Spetalnick

WASHINGTON, 24 Jan (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, irá moldar o seu discurso do Estado da União neste ano eleitoral com termos populistas ao defender uma reforma tributária para se livrar das desigualdades que permitem aos ricos pagar menos impostos que a classe média norte-americana.

Sua declaração acontece depois que o pré-candidato republicano Mitt Romney, um dos homens mais ricos a concorrer à Presidência dos Estados Unidos, divulgou nesta terça-feira a sua declaração de imposto de renda.

Com a maior parte dos rendimentos provenientes de investimentos, Romney paga uma taxa efetiva de imposto muito menor do que o teto do imposto cobrado sobre os salários normais.

"Milhões de norte-americanos que trabalham duro e jogam sob as regras todos os dias merecem um governo e um sistema financeiro que façam a mesma coisa", dirá Obama, segundo trechos do discurso divulgados pela Casa Branca.

No discurso, que será pronunciado no Congresso à meia-noite (horário de Brasília), Obama afirmará que "é hora de aplicar as mesmas regras de cima para baixo: sem resgates, sem benefícios, sem subterfúgios".

Os impostos compõem a questão mais polêmica da campanha eleitoral deste ano. Obama, que busca um segundo mandato, apesar de uma lenta recuperação econômica e uma alta taxa de desemprego, espera aproveitar o ressentimento dos eleitores da classe média contra Wall Street, enquanto as suas famílias estão sofrendo.

Os democratas têm atacado os republicanos no Congresso por apoiarem benefícios fiscais que favorecem os mais ricos, enquanto os republicanos são contra um aumento de impostos, mesmo sobre os mais endinheirados, alegando que isso iria prejudicar a frágil recuperação econômica.

Procurando usar o discurso de alto nível para estabelecer um contraste gritante com seus adversários republicanos, Obama também deve anunciar a implantação de novas iniciativas para aliviar a crise hipotecária do país e reformar o sistema tributário corporativo.

Mas a maioria das propostas de Obama enfrentará uma forte resistência republicana, limitando a possibilidade de qualquer avanço num Congresso dividido antes das eleições de 6 de novembro.

Embora Obama esteja plenamente consciente dos obstáculos legislativos, seus assessores consideram que essa abordagem marcará pontos políticos, aumentando a pressão sobre os republicanos que, para Obama, obstruem a recuperação econômica.

"POLÍTICA DA INVEJA"

O presidente da Câmara dos Deputados, John Boehner, principal congressista republicano, sugeriu antes do discurso de Obama que o presidente estava perseguindo a "política da inveja" e insistiu que a eleição seria um referendo sobre as políticas "fracassadas" de Obama.

O desemprego nos Estados Unidos atingiu 8,5 por cento em dezembro. Nenhum presidente na história moderna foi reeleito com uma taxa de desemprego tão elevada.

Os eleitores ficaram sabendo nesta terça-feira que Romney e sua esposa pagaram uma taxa efetiva de imposto de 13,9 por cento em 2010 e que esperam pagar 15,4 por cento em 2011, taxas que estão bem abaixo do imposto máximo de 35 por cento sobre os salários normais.

Obama também deve pedir mais investimentos em produtos de alta tecnologia como um motor para o emprego no país e ressaltará a necessidade de uma maior produção local de energia para que a segurança e a prosperidade dos Estados Unidos "não permaneçam ligadas a regiões tão instáveis do mundo."

O presidente também deve pressionar ainda mais a China sobre sua moeda e as práticas comerciais.

(Reportagem adicional de Laura MacInnis e Alister Bull)

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos