Milhares protestam em Gaza e Cisjordânia por greve de fome


Por Nidal al-Mughrabi

GAZA, 17 Fev (Reuters) - Milhares de palestinos marcharam em Gaza e na Cisjordânia na sexta-feira em apoio ao líder da Jihad Islâmica Khader Adnan, que entrou no 62o dia de greve de fome em protesto contra sua detenção por Israel.

"Somos todos Khader Adnan", gritava a multidão reunida na Faixa de Gaza, com ativistas dos principais partidos políticos unindo forças em uma rara exibição de unidade palestina.

Adnan, de 33 anos, vem se recusando a comer desde meados de dezembro, depois de sua prisão na Cisjordânia ocupada. Ele é mantido sob a chamada "detenção administrativa", significando que Israel pode detê-lo indefinidamente sem direito a julgamento ou a uma acusação.

O grupo Jihad Islâmica, que defende a destruição do Estado de Israel, disse que vai aumentar a violência se Adnan morrer, seguindo relatos de que a saúde dele está deteriorando.

"Nós continuaremos nossa Jihad e nossa resistência. Velejaremos no mar de sangue e martírio até desembarcarmos na costa do orgulho e da dignidade", disse o líder da Jihad Islâmica, Nafez Azzam, durante um sermão na sexta-feira na mesquita a-Omari, a mais antiga de Gaza.

O grupo Médicos para os Direitos Humanos em Israel, que vem monitorando o estado de Adnan em um hospital israelense, disse na sexta-feira que ele corria "perigo imediato de morte", acrescentando que ele havia sofrido "uma atrofia muscular significante".

O Exército israelense disse em comunicado que Adnan foi preso "por atividades que ameaçam a segurança regional". Não entrou em detalhes.

Adnan é dono de uma padaria e de uma venda de frutas e legumes em seu vilarejo na Cisjordânia, Arabeh. Ele servia como porta-voz da Jihad Islâmica, que o descreve como um líder local.

MILHARES NAS RUAS

Pelo menos 5.000 pessoas saíram às ruas de Gaza portando uma mistura de bandeiras negras da Jihad, bandeiras verdes do grupo islâmico Hamas e as bandeiras amarelas do movimento secular Fatah do presidente palestino Mahmoud Abbas.

Testemunhas disseram que milhares também protestaram na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia.

Presos palestinos fazem regularmente greves de fome para tentar obter melhores condições ou para denunciar a ocupação israelense dos Territórios Palestinos.

No entanto, tais protestos costumam acabar rapidamente e as autoridades disseram que nenhum persistiu tanto quanto Adnan, que é casado e tem dois filhos, e cuja mulher está esperando um terceiro bebê.

O Hamas, que governa Gaza, disse que estava pressionando a Liga Árabe e o Egito para que insistissem pela libertação de Adnan.

"O povo palestino, com todos os seus componentes e facções, nunca abandonará os presos heróis, principalmente estes que lideram essa batalha de greve de fome", disse a maior autoridade do Hamas no território Mediterrâneo, Ismail Haniyeh.

O PHR disse que Adnan poderia morrer mesmo se rompesse seu jejum. "Há um risco à sua saúde mesmo se ele começar a comer agora porque seu sistema se acostumou a não ter nenhum tipo de alimento", disse um porta-voz do grupo.

(Reportagem adicional de Jihan Abdallah em Ramallah)

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