Chacina não deterá missão dos EUA no Afeganistão, diz Panetta
Por Phil Stewart
CABUL, 14 Mar (Reuters) - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, disse na quarta-feira a soldados no Afeganistão que o massacre de 16 civis por um sargento dos EUA nesta semana não deve detê-los na sua missão de tornar o país seguro antes da desocupação prevista para 2014.
A população local quer que o autor da chacina seja julgado no Afeganistão, mas o Pentágono informou que o suspeito - não identificado nominalmente - já deixou o país.
Em Washington, o presidente Barack Obama disse que não prevê nenhuma mudança "repentina" no ritmo da retirada dos soldados norte-americanos do Afeganistão.
Panetta chegou ao país num momento de tensão por causa do incidente. Mais ou menos na hora em que ele pousava numa base aérea da Otan, um afegão entrou em alta velocidade na pista com uma picape furtada, até cair numa valeta, segundo funcionários do Pentágono. Um incêndio foi visto, mas não foram encontrados explosivos com o homem ou dentro do veículo, e Panetta não chegou a correr risco, segundo o porta-voz George Little.
Num incidente anterior, uma moto-bomba foi detonada na cidade de Kandahar, matando um soldado da inteligência afegã e ferindo outros dois, além de um civil.
Na província de Helmand (sul), onde Panetta iniciou sua visita de dois dias ao Afeganistão, reunindo-se com militares em dois quartéis, uma bomba deixada em um acostamento matou oito civis.
"Seremos desafiados pelo nosso inimigo. Seremos desafiados por nós mesmos. Seremos desafiados pelo inferno da guerra em si. Mas nada disso, nada disso, deve jamais nos deter na missão que devemos completar", disse Panetta a soldados no Camp Leatherneck, principal quartel dos marines na volátil região.
A viagem de Panetta já estava marcada antes do massacre de domingo, ocorrido em duas aldeias da província de Kandahar. Entre as vítimas da chacina havia nove crianças e três mulheres.
Obama qualificou o incidente de "trágico", mas enfatizou que os EUA continuam determinados a completar "de forma responsável" a missão no Afeganistão, que começou no final de 2001.
"Haverá uma robusta presença da coalizão dentro do Afeganistão durante esta temporada de combates para assegurar que o Taliban compreenda que não vai recuperar seu impulso", disse Obama no Jardim das Rosas da Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro britânico, David Cameron.
Ele acrescentou que os dirigentes da Otan vão decidir, na sua reunião de cúpula de maio em Chicago, qual será a "próxima fase" na transição no Afeganistão. Os EUA pretendem entregar o controle da segurança a forças locais, mantendo apenas soldados em tarefas de apoio e treinamento.
Uma nova pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que o massacre levou 40 por cento dos entrevistados a verem o conflito com menos simpatia. Na opinião de 61 por cento dos ouvidos, os EUA deveriam retirar imediatamente suas tropas de combate do Afeganistão.