Dilma enfrenta manifestação de grevistas em evento em SP
SÃO BERNARDO DO CAMPO, 5 Jul (Reuters) - Dias depois do anúncio da popularidade recorde, sua e de seu governo, a presidente Dilma Rouseff enfrentou nesta quinta-feira uma manifestação de estudantes e servidores da Universidade Federal do ABC durante a inauguração de uma unidade de saúde em São Bernardo do Campo, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Antes mesmo do discurso de Dilma, cerca de 30 manifestantes com cartazes e megafones protestaram contra o que consideram falta de vontade do governo de negociar o fim da greve em universidades federais de todo o país, iniciada em maio.
"Dilma, a culpa é sua, a minha aula é na rua", gritavam os manifestantes que também pediam "negocia, negocia" à presidente.
Os coros de protesto também diziam "dinheiro para a Copa tem, para a educação tem que ter também" e "queremos plano, carreira, meu dinheiro não é para o Cachoeira".
Dilma passou a maior parte do tempo aparentemente alheia aos manifestantes e usou quase todo o seu discurso para lembrar dos programas de seu governo na área de saúde e elogiar ações do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), no setor.
Marinho, candidato à reeleição, foi o primeiro a comentar as manifestações ao discursar na inauguração simultânea de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em Porto Seguro (BA) e Brasília, além da cidade paulista.
"Temos aí uma situação grevista. Mas tudo se acerta com o tempo", disse ele ao elogiar a UFABC pelas parcerias que fez com seu governo.
Durante boa parte do discurso do prefeito, que elencou realizações de sua gestão em várias áreas, os manifestantes gritaram "greve geral em toda a federal".
Acompanhada de Lula, dos ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Miriam Belchior (Planejamento) e da ex-primeira-dama Marisa Letícia, Dilma comentou a manifestação apenas no final do seu discurso.
"Pessoal, pode acalmar, que as coisas vão para o lugar na hora certa", disse ela.
A pesquisa CNI/Ibope que apontou melhora na aprovação do governo Dilma, atingindo o maior nível desde o início do mandato da presidente, mostrou que a área da saúde é a pior avaliada, sendo desaprovada por 66 por cento dos entrevistados.
(Reportagem de Eduardo Simões)