Governo pode dar até R$ 22 bi para conter greves

Jeferson Ribeiro

De Brasília

Empenhado em negociar com os servidores em greve, o governo estima que pode conceder reajustes salariais entre R$ 14 bilhões e R$ 22 bilhões, dependendo de quantos recursos ainda serão consumidos pelas medidas de incentivo que a presidente Dilma Rousseff (PT) deve anunciar até meados de setembro, segundo disseram à Reuters fontes do governo.

Greve de servidores públicos
Greve de servidores públicos

Numa estimativa mais conservadora, um ministro afirmou à Reuters, sob condição de anonimato, que as propostas que serão apresentadas nesta semana aos funcionários públicos poderiam alcançar entre R$ 12 bilhões e R$ 14 bilhões.

Esse valor inclui as propostas já apresentadas pelo governo para os servidores da educação e os técnicos administrativos, cujos reajustes devem consumir mais de 6 bilhões de reais do orçamento de 2013, segundo esse ministro.

Mas esse valor de R$ 6 bilhões pode aumentar, porque nesta quarta-feira (15) o governo apresentou uma proposta mais elevada de reajuste aos técnicos administrativos das universidades federais, segundo disse à Reuters uma fonte do Ministério do Planejamento.

Uma outra fonte do Executivo, porém, afirmou que o gasto com aumentos salariais para o funcionalismo público, incluindo um reajuste aos militares, pode chegar até R$ 22 bilhões.

O volume a ser destinado aos servidores, segundo essa fonte, varia de acordo com o valor que será comprometido do orçamento de 2013 com os programas de incentivo à economia estudados pela presidente e que serão divulgados até meados de setembro.

O governo estuda, por exemplo, a desoneração das tarifas de energia elétrica podendo abrir mão da arrecadação de vários encargos federais que oneram o preço aos consumidores. Dependendo de quanto perder de receita com esse incentivo à produção industrial, o governo terá mais ou menos recursos para negociar aumentos salariais.

Nesta quarta-feira, a presidente Dilma voltou a dizer que a prioridade do governo é garantir o emprego "daqueles que não têm estabilidade". Ou seja, os trabalhadores da iniciativa privada.

Cresce a pressão

De acordo com cálculos dos sindicalistas, para atender minimamente as reivindicações de todas as categorias seriam necessários entre R$ 18 bilhões e R$ 20 bilhões.

O Ministério do Planejamento comanda as negociações com os sindicalistas até o dia 31, quando terá que enviar ao Congresso o projeto de Lei Orçamentária prevendo quais categorias terão aumento salarial.

As primeiras reuniões da mesa permanente de negociação ocorreram na terça-feira (14). A expectativa do Executivo é que a pressão dos servidores em greve aumente nas próximas semanas, porque essa é a única oportunidade que as categorias têm para garantir reajustes para o ano que vem.

Nesta quarta-feira, milhares de servidores federais em greve marcharam pela Esplanada dos Ministérios, na região central de Brasília, segundo informações da Agência Brasil.

A disposição do governo continua sendo de conceder reajustes diferenciados apenas para os professores e os militares e apresentar algumas propostas pontuais de aumento para servidores de nível médio e aqueles que têm menores remunerações, segundo fontes do governo.

O secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sérgio Nobre, afirmou que ouviu do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que o governo está disposto a negociar com todas as categorias dos servidores.

"A proposta seria de manter o poder aquisitivo dos servidores para os próximos anos", disse Nobre.

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