Incêndio continua pelo 3o dia na maior refinaria da Venezuela

Por Marianna Parraga

PARAGUANA, Venezuela, 27 Ago (Reuters) - O fogo continuava queimando pelo terceiro dia em dois depósitos de combustível da maior refinaria da Venezuela nesta segunda-feira, colocando em dúvida os planos para reativar rapidamente a instalação após um dos acidentes mais letais do mundo na indústria de petróleo.

Repórteres da Reuters viram uma espessa coluna de fumaça escura e chamas saindo dos tanques na refinaria Amuay. As autoridades dizem que se não conseguirem extinguir o incêndio com espuma, eles vão deixar queimar até apagar sozinho, o que poderia levar dois ou três dias.

O ministro da Energia, Rafael Ramírez, disse à Reuters por telefone do local que os bombeiros trabalharam durante toda a noite e continuavam seus esforços nesta segunda-feira.

"O vento está mudando de direção o tempo todo, por isso temos de mover as equipes de combate ao incêndio para continuar tentando apagar o fogo", disse Ramírez. "Ontem à noite, um caminhão de bombeiros foi tomado pelo incêndio, felizmente sem vítimas ou danos. Continuaremos os mesmos esforços hoje."

Um vazamento de gás causou uma explosão e depois o incêndio antes do anoitecer de sábado, em uma instalação com capacidade para produzir 645 mil barris por dia que faz parte do segundo maior complexo de refinaria de petróleo do mundo.

Casas nas redondezas foram destruídas e pelo menos 41 pessoas morreram e dezenas de outras ficaram feridas.

Ramírez afirmou no sábado e no domingo que a produção na refinaria Amuay poderia ser retomada em dois dias no máximo, mas não deu mais detalhes nesta segunda-feira.

A estatal de petróleo PDVSA disse que nenhuma das unidades de produção de Amuay foi afetada, e que a Venezuela tem estoques suficientes para cumprir com suas obrigações com o mercado interno e manter as exportações.

O presidente Hugo Chávez prometeu uma investigação completa sobre a tragédia durante uma visita emocionada ao local, no domingo.

O incidente deve elevar os preços globais dos combustíveis, que já vêm sendo pressionados por preocupações de que a tempestade tropical Isaac possa suspender a produção de petróleo nos EUA e por sugestões de uma nova rodada de estímulo monetário do Federal Reserve (banco central norte-americano).

LÍDER SINDICAL CRITICA GERENTES

Ivan Freites, um líder sindical no complexo de Paraguana, disse à Reuters que não era possível para a refinaria retomar a produção dentro de dois dias da explosão, e acusou as autoridades de minimizar o tamanho do desastre.

"Uma refinaria não é uma máquina de café", afirmou. "Eles não entendem o processo de reinicialização. Os gerentes estão agindo como agentes políticos ... não pensam nas famílias das vítimas."

O sindicato de Freites vem pressionando a PDVSA a melhorar os padrões de segurança em suas instalações, especialmente desde 2010, quando 95 trabalhadores foram resgatados de uma plataforma de exploração que afundou no Caribe.

Tony Nunan, gerente de risco da Mitsubishi Corp, em Tóquio, disse que o incidente deveria ter impacto nos mercados. "Os preços dos derivados do petróleo deverão subir após o incêndio", disse ele.

A explosão de sábado é considerada um dos acidentes mais mortais da indústria de petróleo na história recente, aproximando-se do número de mortos do incêndio de 1997 na refinaria indiana Visakhapatnam que matou 56, e superando a explosão de refinaria Texas City, em 2005, nos Estados Unidos, que matou 15.

(Reportagem adicional de Brian Ellsworth, Diego Ore, Eyanir Chinea, Jessica Jaganathan e Seng Li Peng)

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