Isaac provoca retirada de moradores após chuvas em Nova Orleans
Por Ellen Wulfhorst e Scott Malone
NOVA ORLEANS, 30 Ago (Reuters) - O furacão Isaac provocou a retirada de milhares de pessoas em Louisiana e Mississippi nesta quinta-feira, mas moradores e autoridades aliviados disseram que a destruição causada pela tempestade não foi nada parecido com o que ocorreu após a passagem do furacão Katrina, em 2005.
Quando atingiu a região, na terça-feira, o Isaac era um furacão de categoria 1 que se movia lentamente. Nesta tarde, ele enfraqueceu para uma depressão tropical com ventos máximos sustentados de cerca de 55 quilômetros por hora, segundo o Centro Nacional de Furacões. Até agora, somente uma morte relacionada ao ciclone foi confirmada.
Mas o Isaac deixou uma bagunça de terra encharcada por toda a Costa do Golfo e ainda pode causar fortes chuvas e inundações, conforme se move sobre o centro dos Estados Unidos nos próximos dias, onde a chuva é muito necessária.
Mais de 1 milhão de habitantes dos Estados de Louisiana e Mississippi ficaram sem eletricidade, de acordo com o Departamento de Energia.
Há temores sobre uma possível falha no dique do lago Tangipahoa, no Mississippi, o que levou autoridades a determinar a retirada imediata de 60 mil moradores de comunidades vizinhas também na Louisiana e outros milhares no Mississippi.
O dique em Pike County, no Mississippi, está 161 quilômetros ao norte de Nova Orleans, que não estava em perigo imediato.
"Houve danos grandes durante a chuva torrencial da noite passada, mas sem rupturas desta vez", disse a vice-diretora da Defesa Civil de Pike County, Carlene Statham.
Espera-se que a produção de petróleo na região do Golfo do México seja retomada, após quase ser paralisada à medida que o Isaac se aproximava de Louisiana na terça-feira. A maioria dos complexos de energia, incluindo refinarias essenciais na região costeira, parecem ter escapado de qualquer dano relacionado ao Isaac.
Enquanto o Isaac reflui, a avaliação das autoridades sobre sua passagem por Nova Orleans mostrou que um novo plano bilionário de contenção de enchentes desenvolvido para as áreas baixas da cidade passou em seu primeiro grande teste, sete anos depois que o furacão Katrina deixou um rastro de destruição na cidade e matou mais de 1.800 pessoas.
À medida que o foco muda do litoral para regiões mais ao norte, habitantes das áreas por onde o Isaac passará esperam que ele traga a chuva aguardada desesperadamente para aliviar os efeitos da seca no centro do país, onde algumas lavouras foram bastante afetadas e muitos rios e barragens estão em níveis criticamente baixos.
O prefeito de Nova Orleans, Mitch Landrieu, disse que o sistema de proteção construído pelo Corpo de Engenheiros do Exército funcionou "exatamente como deveria". Avaliado em 14,5 bilhões de dólares, o sistema compreende um conjunto de barreiras, comportas, diques e bombas.
O Isaac nem chegou perto da potência do Katrina, que era um furacão de categoria 3 na escala Saffir-Simpson (de 1 a 5) quando passou pela cidade em 29 de agosto de 2005, um dia que ainda reverbera na memória da população.
E as primeiras indicações são de que os danos a propriedades não estarão entre os 10 piores furacões na história dos Estados Unidos, depois de corrigidos os valores para o valor atual do dólar.
Mas a tempestade ainda assim causou grandes problemas, especialmente a chuva aparentemente infindável que pegou muitos moradores de surpresa, deixou alguns encurralados nos telhados de suas casas e provocou enchentes consideráveis nas áreas costeiras mais baixas.
TEMPESTADE LENTA
O Isaac diminuiu fortemente o ritmo em que avançava, depois de tocar pela primeira vez a terra na costa sudeste da Louisiana. Essa lentidão permitiu que ganhasse força e despejasse água por muito mais horas do que o esperado. Inundações e temporais forçaram milhares de pessoas a deixar suas casas em áreas não muito distantes de Nova Orleans.
"Não existe essa coisa de ser 'apenas' uma tempestade tropical", disse o diretor da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências, Craig Fugate, depois que o Isaac passou de furacão a tempestade na quarta-feira.
O presidente norte-americano, Barack Obama, declarou as regiões afetadas na Louisiana e Mississippi como áreas de grande desastre e ordenou ajuda federal para completar os esforços de recuperação estaduais e municipais.
O Centro Nacional de Furacões informou na manhã desta quinta-feira que ainda há risco de ocorrerem tornados.
Em Nova Orleans, havia forte presença das forças de segurança para evitar a repetição da onda de crimes e o caos generalizado que se seguiram à passagem do Katrina em 2005.
Unidades da polícia e da Guarda Nacional, incluindo em alguns casos o uso de fuzis de assalto, patrulharam as ruas escuras e praticamente desertas no centro da cidade, que normalmente costuma ser um concorrido local turístico.
Na quarta-feira à noite, quando a chuva e fortes ondas ainda castigavam a cidade, cerca de 60 por cento das casas e negócios estavam sem energia.
"É uma cidade-fantasma", disse o sargento Joseph Jennings, que participava do patrulhamento de ruas em um veículo blindado. "Todo mundo viu os saques generalizados durante o Katrina, e ninguém quer que isso se repita."
(Reportagem adicional de Ben Gruber e Kathy Finn em Nova Orleans; Emily Le Coz em Tupelo, Missisippi; Chris Baltimore em Houston; Ben Berkowitz em Boston; e Jane Sutton e David Adams em Miami)