Homem-bomba mata duas pessoas e fere 46 em igreja na Nigéria
Por Funon Inusa
BAUCHI, Nigéria, 23 Set (Reuters) - Um homem-bomba matou neste domingo na Nigéria pelo menos outras duas pessoas e feriu 46, informou a polícia. O ataque ocorreu do lado de fora de uma igreja católica em uma região remota do norte do país.
Um jornalista da Reuters viu serviços de emergência carregarem três corpos, e a polícia identificou um deles como ocupante do carro que explodiu.
Vários feridos estavam sendo levados em macas.
"Eu estava fazendo meu caminho para a igreja quando vi um carro acelerando em direção à entrada da igreja. Ele atingiu a cerca e depois houve uma grande explosão, e pedaços de metal voaram pelo ar", afirmou Manan Yara, uma dona de casa que vive do outro lado da rua em relação à igreja.
"Agradeço a Deus por ainda estar viva", afirmou, com as mãos trêmulas.
O porta-voz da polícia de Bauchi Hassan Mohammed disse que morreram no ataque, além do autor do atentado, uma mulher e uma criança, além das 46 outras pessoas feridas, incluindo dois policiais que protegiam a igreja.
Ele acrescentou que a situação seria pior se o homem-bomba tivesse conseguido adentrar na construção.
"Quando o homem-bomba escolheu como alvo a igreja, foi impedido de entrar devido a certas proteções, e em vez disso detonou seu explosivos no estacionamento", disse.
O porta-voz da Agência Nacional de Gerenciamento de Emergências, Yushua Shuaib, confirmou o número de mortos, e disse que 22 dos feridos estão recebendo tratamento num hospital.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque. A seita islâmica Boko Haram já assumiu a autoria de vários ataques a igrejas e outros encontros cristãos neste ano, como parte dos esforços para desestabilizar o governo do presidente Goodluck Jonathan.
SEITA MORTÍFERA
A Boko Haram matou centenas de pessoas desde 2009 em ataques às forças de segurança, escritórios do governo e igrejas, e três de seus mais importantes membros foram classificados como "terroristas" pelos Estados Unidos.
A seita, que diz querer a volta de um antigo califado islâmico no norte da Nigéria, que praticaria a lei Sharia, tornou-se a principal ameaça de segurança ao principal produtor de petróleo da África, substituindo a militância no sudeste do país.
Uma operação militar parece ter enfraquecido a Boko Haram, cujos militantes não conseguiram mais reproduzir ataques de larga escala e coordenados neste ano. Pelo menos 186 pessoas morreram em ações do grupo na cidade de Kano em janeiro.
Contudo, ocorrem tiroteios e explosões de bombas quase diariamente por meio de ações com responsabilidade do grupo islâmico.
Os militantes não fizeram pronunciamentos públicos desde o momento em que as forças de segurança mataram seu porta-voz, Abu Qaqa, em um tiroteio em Kano no domingo passado.
Analistas de segurança dizem que o Boko Haram tem ligações com outros movimentos jihadistas no Oeste da África, como a Al Qaeda no Magreb Islâmico, um grupo que nasceu na Argélia e usa o norte de Mali como base.
Mas, tirando o ataque à sede da ONU na capital Abuja em agosto, o foco da Boko Haram tem sido predominantemente alvos locais.