"Che" venezuelano reza por recuperação do herói Chávez
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Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Humberto López, sósia de Che Guevara, é um dos venezuelanos que torce pela recuperação de Chávez
Por Andrew Cawthorne
CARACAS, 10 Jan (Reuters) - Um sósia extravagante do herói revolucionário latino-americano Ernesto "Che" Guevara tem sido durante anos uma visão familiar pelas ruas da Venezuela angariando apoio para seu outro herói socialista, o presidente Hugo Chávez.
No entanto, Humberto López, de 54 anos, tem se mostrado uma figura mais contida estes dias, enquanto espera e reza por notícias melhores vindas de Cuba, onde Chávez está lutando para se recuperar de uma cirurgia contra o câncer.
"Todos os dias depois que acordo, eu acendo uma vela para ele", disse o barbudo López, fumando um charuto e ajustando uma boina ao estilo Che, em frente a um santuário para Chávez em sua casa.
"Eu amo o Chávez. É simples assim. Ele não é apenas um homem ou um líder, ele é a esperança dos pobres e despossuídos do mundo, o coração da pátria. Quando o coração está sangrando, como posso ser feliz?".
Embora visto por muitos como uma espécie de caricatura quando desfila nas ruas, López é um ativista militante que admite ter participado de vários atos de violência durante os turbulentos 14 anos de governo de Chávez.
Ele carrega uma faca amarrada ao tornozelo, mostra um ferimento de bala e outras lesões e desfia detalhes de seu envolvimento em alguns dos eventos mais dramáticos no passado recente da Venezuela -- atacar a mídia de oposição, infiltrar-se em protestos, defender Chávez durante um breve golpe em 2002.
Sua tristeza sobre a saúde frágil de Chávez espelha os sentimentos de milhões de partidários fanáticos do presidente entre os pobres da Venezuela, que o veem praticamente como um messias e têm dificuldades de contemplar um fim ao seu governo.
Suas visões sobre o futuro refletem as de um radical, que acredita que o "comandante" é simplesmente insubstituível.
"Um homem como ele surge a cada 100 anos", refletiu López no terraço de sua casa de dois andares, em um bairro em uma colina fora de Caracas.
"Eu acredito que ele vai se recuperar. Mas se ele não melhorar, vamos ser claros: não há chavismo sem Chávez. O resto é um bando de bajuladores inúteis. As pessoas não merecem Chávez."
Ao contrário de muitos partidários que estão prometendo lealdade ao vice-presidente Nicolás Maduro, em linha com a indicação de Chávez dele como seu sucessor preferido caso não se recupere, López zomba do número dois do governo como um peso pena.
Se Maduro assumir e deixar de honrar o legado de Chávez, ou se a oposição da Venezuela conquistar o poder, López diz que vários milhares de militantes armados estariam prontos para a "resistência".
Com seus traços fortes e cabelo ondulado preto --mais o traje revolucionário-- López de fato tem uma semelhança impressionante com Che, o médico argentino que se juntou à revolução de Fidel Castro em 1959 em Cuba e se tornou um ícone para milhões de pessoas em todo o mundo.
Ele normalmente dirige um jipe de 60 anos que lembra os veículos que Che e Fidel dirigiram durante seu passeio triunfal em Havana depois de derrubar o governo de Fulgencio Batista. Ao redor de Caracas, as pessoas o saúdam simplesmente como Che.
Mas desde a última crise de câncer de Chávez, López deixou seu jipe em casa e, em vez disso, usa uma moto. Ele visita frequentemente o Ministério do Interior, que recentemente o contratou como consultor, e também ajuda comunidades a organizar eventos pró-governo.
"Eu não posso sair por aí no meu jipe com a minha música tocando, como se nada tivesse acontecido. Não está tudo bem. A fênix está ferida."