Renan Calheiros é eleito novamente presidente do Senado

Por Maria Carolina Marcello e Jeferson Ribeiro

BRASÍLIA, 1 Fev (Reuters) - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) retornou nesta sexta-feira à presidência do Senado, cargo ao qual renunciou em meio a denúncias em 2007, após ser eleito pela ampla maioria dos senadores para comandar a Casa pelos próximos dois anos.

Favorito na disputa desde o início, Renan foi indicado por seu partido, o PMDB, que tem a maior bancada da Casa, e venceu com 56 votos, contra 18 do senador Pedro Taques (PDT-MT). Dois senadores votaram em branco e outros dois anularam seus votos.

O senador alagoano volta ao cargo de presidente da Casa depois de ter sido obrigado a renunciar, em 2007, por denúncias de corrupção que envolvem tráfico de influência e apresentação de notas falsas para comprovar sua renda.

"Como antes, agora exercerei a presidência do Senado com isenção, diálogo, equilíbrio, transparência e respeito aos partidos e aos senadores", afirmou Renan em discurso após ser eleito.

"Só aqueles que têm a humildade de assimilar as críticas, que são permeáveis às depurações e admitem corrigir erros mantêm sua respeitabilidade. Aceitar críticas é um gesto de humildade e desejo de interagir com a sociedade. Assim teremos um legislativo forte", afirmou.

Renan foi o indicado pela bancada do PMDB para disputar a presidência. Pela tradição da proporcionalidade, a maior bancada indica o candidato, que é submetido a voto, o que não impede que outros senadores concorram ao posto.

Dentre as propostas apresentadas durante deu discurso de posse, afirmou que "não é o fim do mundo o Congresso derrubar vetos presidenciais". Renan, que com a vitória na eleição para presidente do Senado assumirá também a presidência do Congresso, afirmou que criará um mecanismo para limpar a pauta de vetos.

O ano legislativo de 2012 foi encerrado com um impasse sobre o trâmite de votação de vetos no Congresso. Atualmente, mais de 3 mil vetos presidenciais aguardam a análise do Legislativo. Entre eles, vetos que caso sejam derrubados podem causar dor de cabeça ao Executivo.

O mais polêmico é o veto que impede a aplicação de uma nova regra para distribuição dos royalties de petróleo entre Estados e municípios.

Renan afirmou ainda que pretende se reunir com o futuro presidente da Câmara para determinar "uma solução definitiva" para a tramitação das medidas provisórias, uma reclamação antiga dos parlamentares que veem seu trabalho prejudicado pela preferência das MPs sobre os projetos de autoria do Congresso.

OVERDOSE

Renan prometeu ainda que aplicará "uma overdose de transparência" no Senado.

Há uma semana, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ofereceu denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador sobre as acusações envolvendo a apresentação das notas frias.

Se o STF aceitar o pedido da PGR, Renan será investigado, o que pode fazer crescer, dentro do Senado, um movimento para questionar a conduta de Renan no Conselho de Ética da Casa, o que poderia resultar em uma crise política semelhante a de 2007.

O alagoano fez questão de incluir em discurso de defesa de sua candidatura, proferido antes da eleição que o levou à presidência, que a prática da ética "é uma obrigação e um dever de todos".

Taques, que admitiu em discurso antes da eleição ter entrado na disputa como "perdedor", porém defensor da "lisura" e da "transparência", afirmou que as denúncias do procurador são "seriíssimas".

O senador pedetista conseguiu reunir, em torno de seu nome, dissidentes da base aliada, como o PSB, e também partidos da oposição.

"Nós confiamos que o senador Renan Calheiros e a mesa ... possa mostrar à sociedade brasileira que aqui nós estamos para servir à sociedade. Não para nos servirmos da sociedade", disse Taques a jornalistas após a divulgação do resultado da eleição.

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos