Vaticano nega que papa manteve silêncio na ditadura argentina

ROMA, 15 Mar (Reuters) - O Vaticano negou veementemente nesta sexta-feira acusações feitas por alguns críticos na Argentina de que o papa Francisco tenha se mantido em silêncio frente aos abusos sistemáticos aos direitos humanos cometidos durante a ditadura militar no país.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse a repórteres que as acusações devem ser "clara e firmemente negadas". Ele acrescentou: "Elas revelam elementos antirreligiosos de esquerda que são usados para atacar a Igreja."

Críticos ao cardeal Jorge Bergoglio, o ex-arcebispo de Buenos Aires que se tornou papa esta semana, o acusam de não ter protegido padres que desafiaram a ditadura durante o regime militar de 1976 a 1983, e que ele pouco se manifestou sobre a cumplicidade da Igreja durante o regime.

As acusações dizem respeito a uma época anterior a Bergoglio se tornar bispo, quando ele era o líder dos jesuítas na Argentina. Dois padres sequestrados pelo governo militar alegaram que Bergoglio não os protegeu.

"Nunca houve uma acusação concreta e crível em relação a ele. A Justiça argentina o interrogou uma vez ... mas ele nunca foi acusado de nada", disse Lombardi.

"Ele documentou suas negações das acusações contra ele. Há também muitas declarações que mostram como Bergoglio tentou proteger muitas pessoas em seu tempo durante a ditadura militar. Seu papel é claramente notado."

"Quando ele se tornou bispo, promoveu a causa da reconciliação na Igreja da Argentina", disse o porta-voz.

Alguns ativistas de direitos humanos na Argentina questionaram as credenciais morais de Francisco desde sua eleição como papa, na quarta-feira, devido a alegações sobre o período da "guerra suja".

A reputação da Igreja argentina foi manchada por ligações entre alguns altos clérigos católicos e a junta militar que sequestrou e matou até 30 mil militantes de esquerda.

(Reportagem de Philip Pullella)

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