Retomada da atividade no Brasil é fruto da política econômica, diz Dilma
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Rogan Ward / Reuters
27 Mar (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff defendeu durante a cúpula dos Brics a importância desses países criarem fontes de financiamento e afirmou que a retomada do crescimento no Brasil foi fruto da política econômica do governo em reação à crise financeira internacional.
"Se faltam oportunidades de investimentos nas economias avançadas, vamos ampliar os nossos próprios investimentos, e se há escassez de financiamento, vamos criar fontes de financiamento de longo prazo", disse a presidente em Durban, na África do Sul.
Afirmando que o país vem se recuperando desde o ano passado, depois da desaleração em 2011 e 2012, Dilma disse que "não foi um crescimento espontâneo, mas foi um crescimento fruto do resultado de uma série de medidas de estímulo fiscal, tributário e monetário".
"(O crescimento foi) resultado de uma determinação, da vontade política do governo brasileiro, que olhou para a situação internacional e doméstica e se dispôs a impedir que os efeitos da desaceleração internacional atingissem de forma mais abrupta e crítica a economia brasileira."
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu apenas 0,9 por cento no ano passado, menor expansão entre os países que formam o Brics --Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul--, depois de crescer 2,7 por cento em 2011.
Nesse período, o governo adotou uma série de medidas de estímulo e desonerações tributárias e o Banco Central reduziu o juro básico do país ao seu menor patamar histórico.
Os primeiros dados econômicos deste ano mostram melhora na atividade econômica, mas ainda sem muito fôlego. A projeção do mercado, segundo a última pesquisa Focus do BC, é de que o PIB crescerá 3,0 por cento neste ano.
BANCO DE DESENVOLVIMENTO
Dilma disse que o banco de desenvolvimento criado pelos Brics vai ajudar a financiar projetos de infraestrutura com recursos de longo prazo, inclusive nos países considerados em desenvolvimento. Ela também ressaltou a importância de um fundo de reservas, como parte da cooperação do bloco.
"Destaca-se na agenda da cooperação, um passo à frente, com contornos concretos, duas iniciativas importantes que são o banco Brics e o arranjo contingente de reservas", afirmou.
Segundo ela, o banco de desenvolvimento vai também ajudar projetos em especial na África e na América do Sul. Para a presidente, a situação econômica dos países desenvolvidos neste ano está melhor, mais ainda é preocupante.
"Embora o cenário de 2013 seja um pouco mais promissor que o de 2012, é visível que muitos dos países desenvolvidos e seus problemas permanecem comprometendo, principalmente, o bem estar de suas populações", afirmou ela.
A presidente também falou que o acordo de contingente de reservas entre os bancos centrais dos Brics é um "mecanismo de estabilidade que, em momentos de dificuldade, pode criar linhas recíprocas de crédito entre nossos países, melhorando a liquidez e ajudando a prevenir crises, e fortalecendo a solidez do mercado financeiro internacional."
REFORMAS NO FMI
Dilma também repetiu sua defesa por reformas nos organismos internacionais para refletir a maior representatividade econômica atual dos países emergentes.
Brasil, China e outras potências emergentes há muito afirmam que o sistema atual de votação do Fundo Monetário Internacional (FMI) concede injustamente benefícios à Europa e aos Estados Unidos, que dominam o Fundo desde sua fundação na década de 1940.
Um acordo fechado em 2010 para implementar mudanças, inclusive elevando a China ao posto de terceiro país-membro com mais poder de voto na instituição financeira, deveria ter sido aprovada por todos os países-membros do FMI em outubro do ano passado, mas ainda não passou pelo Congresso dos EUA.
"Seguimos unidos na defesa de reformas das estruturas de governança global. É necessário urgentemente atualizar e torná-las mais legítimas e representativas do mundo de hoje", afirmou.
"O ano de 2013 é central para se implantar as reformas do Fundo Monetário, para adequá-lo à nova realidade da economia mundial".
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Alexandre Caverni, em São Paulo)
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