Ativista canadense pró-aborto Henry Morgentaler morre aos 90 anos

Por David Ljunggren

OTTAWA, 29 Mai (Reuters) - O médico Henry Morgentaler, um sobrevivente do Holocausto que se tornou um dos principais defensores do aborto no Canadá e passou um período na prisão pela prática de interrupção da gravidez, morreu nesta quarta-feira aos 90 anos, disseram ativistas.

Morgentaler criou a primeira clínica independente de aborto no Canadá, em Montreal, em 1969, num momento em que o procedimento só poderia ser realizado em hospitais e se limitava a casos em que os médicos consideravam que a continuação da gravidez poderia prejudicar uma mulher.

Sua campanha pelos direitos das mulheres foi parar na Suprema Corte canadense, que o apoiou em um julgamento, em janeiro de 1988, que determinou que as leis de aborto existentes eram inconstitucionais.

O governo tentou em 1990 criminalizar novamente o aborto nos casos em que a saúde da mulher não estava em risco. Esse esforço acabou em fracasso, deixando o Canadá, na prática, sem restrições ao aborto.

"As mulheres canadenses têm para com o doutor Morgentaler uma enorme dívida de gratidão por defender suas vidas e saúde com grande sacrifício pessoal e risco. Ele sobreviveu a inúmeras ameaças contra sua vida, um atentado à clínica e protestos agressivos", disse a presidente da Federação Nacional do Aborto, Vicki Saporta.

Morgentaler morreu no momento em que alguns parlamentares do direitista Partido Conservador do Canadá expressam abertamente sua oposição ao aborto.

O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, receia provocar paixões em uma questão social controversa e diz que, enquanto estiver no poder, o governo não irá se mover para restringir o aborto.

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