Leilão do pré-sal fica limitado a 11 empresas; asiáticas dominam


Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO, 19 Set (Reuters) - Onze empresas petroleiras, asiáticas em sua maioria, pagaram a taxa para participar do leilão de Libra, maior reserva já descoberta no pré-sal brasileiro, frustrando expectativas da agência governamental que organiza a disputa.

A licitação, a primeira do pré-sal, terá a japonesa Mitsui, a indiana ONGC, a malaia Petronas e as chinesas CNOOC e CNPC, que já pagaram a taxa à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto --o prazo de pagamento da taxa de pouco mais de 2 milhões de reais se encerrou na quarta-feira.

Além dessas empresas com sede na Ásia, uma outra com participação asiática é a Repsol Sinopec Brasil, companhia que tem 60 por cento de participação espanhola e 40 por cento da chinesa Sinopec.

Também pagaram a taxa à ANP a Petrobras, a anglo-holandesa Shell, a colombiana Ecopetrol, a francesa Total e a Petrogal, a subsidiária brasileira da portuguesa Galp, que conta também com participação da chinesa Sinopec.

"A gente já estava prevendo a forte participação das asiáticas, o interesse deles já existia e foi confirmado agora. Eles têm uma situação de dependência de importação de petróleo muito grande, uma necessidade de acesso a novas áreas e reservas de grande porte", afirmou a fonte, que falou sob condição de anonimato.

A fonte prevê a formação de três consórcios para disputar Libra, com reservas recuperáveis estimadas pela ANP entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris, o que faria da área a maior do país em petróleo.

A ANP informou mais cedo que 11 empresas pagaram a taxa, mas não revelou os nomes das companhias.

Procurada, a assessoria de imprensa da autarquia informou que somente divulgará quais são as companhias quando elas estiverem habilitadas a participar do leilão --após o pagamento da taxa, as petroleiras ainda passam por um processo de habilitação.

GRANDES DE FORA

Três gigantes do setor de petróleo, a norte-americana Exxon Mobil e as britânicas BP e BG, estão fora do leilão, afirmou pela manhã a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard.

"Eu recebi telefonemas de três empresas, Exxon, BP e BG, dizendo que não vão participar do leilão do pré-sal por questões muito específicas de cada empresa. No entanto, reafirmaram o interesse no Brasil", disse Magda, após um evento da ANP no Rio.

AQUÉM DO ESPERADO

A diretora-geral da ANP disse que esperava que até 40 empresas participassem da disputa por Libra, mas que a "conjuntura" fez com que o número fosse menor.

O número reduzido de participantes também surpreendeu um consultor e ex-diretor da Petrobras. "É uma surpresa. A área (de Libra) é extremamente promissora, e não tem oportunidades no mundo em exploração de petróleo como áreas do pré-sal brasileiro", afirmou Paulo Roberto Costa, da Costa Global Consultoria.

Ele também se disse surpreso com o fato de companhias como Exxon, BP e BG não terem pago a taxa de participação no leilão, o que as exclui do processo.

"É uma coisa a ser pensada sobre o motivo de isso ter acontecido", disse ele, referindo-se ao número relativamente limitado de companhias.

Questionado sobre os motivos da baixa adesão, ele avaliou que isso pode ter relação com o fato de a lei determinar a Petrobras como operadora única de Libra, com no mínimo 30 por cento de participação na reserva.

(Reportagem adicional de Roberto Samora, em São Paulo)

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