Polícia russa detém mais de mil migrantes após distúrbios étnicos em Moscou


Por Gabriela Baczynska

MOSCOU, 14 Out (Reuters) - A polícia russa prendeu mais de mil migrantes nesta segunda-feira em um bairro de Moscou onde houve distúrbios um dia antes por causa da morte de um russo a facadas, um crime que moradores atribuíram a um homem da região do Cáucaso.

Um grupo pró-defesa de direitos humanos alertou os migrantes do Cáucaso e Ásia Central, regiões de maioria muçulmana, para um crescente risco de ataques, depois do conflito de domingo, o pior distúrbio por motivos étnicos na capital russa nos últimos três anos.

Cerca de 1.200 pessoas foram detidas em um mercado de vegetais que tinha sido invadido no domingo à noite por baderneiros depois de um protesto pelo esfaqueamento de um russo étnico, disse o porta-voz da polícia, Alexei Shapkin.

Os detidos foram levados para delegacias e a polícia vai avaliar se eles estão envolvidos em crimes, afirmou Shapkin. Imagens de TV mostravam as pessoas de pé ao lado de muros ou alinhadas em frente a policiais em uniforme de camuflagem.

Na repressão aos migrantes, as autoridades pareciam estar tentando apaziguar moradores que se manifestaram no bairro de Biryulyovo para exigir que a polícia prenda o assassino de Yegor Shcherbakov, 25, e adote medidas para prevenir crimes cometidos por migrantes.

Segundo Shapkin, a polícia encontrou num depósito um carro com três pistolas de ar comprimido, duas facas e um bastão de beisebol.

No domingo, uma multidão destruiu lojas e barracas, entrou em confronto com a polícia e invadiu o mercado de vegetais, na maior onda de violência antimigrantes em Moscou em três anos.

Ao tentar conter a violência, a polícia prendeu ao menos 380 pessoas. Várias pessoas, incluindo policiais, ficaram feridas nos distúrbios, que puseram em destaque a persistente tensão entre russos étnicos e pessoas originárias do Cáucaso e Ásia Central.

O trabalho dos migrantes tem sido essencial na transformação da Rússia durante o boom econômico propiciado pelo petróleo, iniciado quase na mesma época que o presidente Vladimir Putin chegou ao poder, em 2000.

Mas parte da população de Moscou se ressente do influxo de imigrantes de áreas muçulmanas no norte do Cáucaso e de ex-Estados soviéticos, embora a maioria tenha empregos mal remunerados, que poucos residentes de Moscou aceitam.

(Reportagem adicional de Ludmila Danilova)

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