Aécio diz ser contra reeleição, mas evita responder se abriria mão de segundo mandato

  • NACHO DOCE

SÃO PAULO (Reuters) - O candidato à Presidência do PSDB, Aécio Neves, reafirmou nesta terça-feira ser pessoalmente contra a reeleição e enfatizou que o fim dela dependeria de um entendimento sobre o tema no Congresso, e não apenas do Executivo.

"Eu sou a favor do mandato de cinco anos sem reeleição", disse o tucano a jornalistas, após visitar uma obra da Odebrecht na zona sul da capital paulista.

O tema da reeleição tem sido apontado pela imprensa como um dos assuntos em negociação para que Marina Silva (PSB), terceira colocada no primeiro turno, feche apoio a Aécio no segundo turno disputado entre ele e a presidente Dilma Rousseff (PT).

Durante sua campanha como candidata no primeiro turno, Marina declarou por várias vezes ser contrária à reeleição e se comprometeu, também por mais de uma vez, que se eleita não buscaria um novo mandato em 2018.

Indagado por um repórter nesta terça, Aécio evitou responder se seria favorável ao fim da reeleição para quem assumir o mandato já em 2015.

"A questão tem que ser discutida no Congresso por uma razão específica: não estamos falando do fim da reeleição para presidente da República apenas, onde a decisão unilateral do candidato resolveria o problema. Nós estamos falando de reeleição de governadores e de prefeitos também, então precisa ver qual o entendimento do Congresso Nacional em relação a isso", disse.

Aécio aproveitou enquanto falava sobre reeleição para atacar sua oponente no segundo turno. "Acho que a presidente Dilma acabou por desmoralizar a reeleição, com essa mistura sem limite de público e privado como assistimos nesta eleição", declarou ele.

Para Marina, a reeleição faz com que os governantes se preocupem mais em preparar o terreno para uma nova eleição do que em fazer as mudanças necessárias à frente dos governos.

No último debate antes do primeiro turno, realizado pela TV Globo, a ex-senadora e ambientalista cobrou de Aécio uma posição mais firme contra a reeleição e chegou a dizer que houve compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que é do PSDB.

"NOVA POLÍTICA"

Apesar dos momentos de embate entre Marina e o tucano durante a campanha, existe a expectativa de que ela apoie Aécio no segundo turno. Não há clareza ainda sobre se a candidata e seu grupo da Rede Sustentabilidade acompanharão a orientação do PSB.

Durante sua fala nesta terça, Aécio usou a expressão que era usada repetidamente pelo ex-presidenciável Eduardo Campos e que foi apropriada por Marina, em defesa de uma "nova política", e reiterou que vê convergências entre as propostas de governo de Marina e as do PSDB.

"Estou pronto para liderar um projeto em favor do Brasil. Em favor de uma nova política, em favor de uma construção coletiva... A nossa proposta é sempre aberta a novas contribuições. Até porque o programa de governo é uma obra que não termina nunca, é uma construção permanente, aberta a aprimoramentos", afirmou.

Algumas pessoas ligadas a Marina, como o deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ) e o economista Eduardo Giannetti, já declararam apoio a Aécio.

Além disso, Antônio Campos, irmão de Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo quando fazia campanha como candidato do PSB à Presidência, já manifestou apoio ao tucano.

Uma fonte do diretório do PSB em Pernambuco disse à Reuters que a "sinalização" dos líderes da legenda no Estado é "pró-Aécio".

O PSB deve definir na quarta-feira sua posição sobre o segundo turno da eleição presidencial em Brasília, mas declarações dadas por Marina no próprio domingo foram interpretadas como sinalização de apoio dela a Aécio.

(Por Vinícius Cherobino; Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo, e Maria Carolina Marcello, em Brasília)

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