Nippon Steel vai propor aumento de capital de R$1 bi na Usiminas, diz fonte
SÃO PAULO (Reuters) - O grupo Nippon Steel vai propor na reunião do Conselho de Administração da Usiminas um aumento de capital de cerca de R$ 1 bilhão na siderúrgica brasileira e está disposto a bancar sozinho a injeção de recursos caso outros sócios não queiram participar da operação, afirmou uma fonte com conhecimento direto do assunto nesta terça-feira (8).
O objetivo da Nippon, que divide o controle da Usiminas com o grupo ítalo-argentino Techint, é que a aprovação do aumento de capital pelo Conselho da companhia ajude a convencer bancos credores a aceitarem carência no vencimento de dívidas de curto prazo que ameaçam a solvência da empresa brasileira. A reunião do Conselho de Administração da Usiminas está marcada para a sexta-feira.
A expectativa do grupo japonês é que a injeção de recursos via aumento de capital possa ocorrer três meses após o Conselho da Usiminas aprovar a operação, considerada pela Nippon como única saída para evitar que a siderúrgica brasileira seja obrigada a fazer um pedido de recuperação judicial, disse a fonte que pediu para não ser identificada.
Nippon e Techint, que atua na Usiminas por meio da controlada Ternium, têm travado há meses uma dura disputa em torno do controle da gestão da siderúrgica brasileira. Uma decisão sobre o aumento de capital deveria ter sido tomada em meados de fevereiro, mas o Conselho da Usiminas acabou adiando a votação sobre o assunto para a sexta-feira, em meio a discordâncias dos grupos sobre a forma e o valor da injeção de capital.
Segundo a fonte, não está descartada uma eventual aprovação do aumento de capital mesmo sem o consenso de todos os sócios, apesar da regra definida no acordo de acionistas de necessidade de aprovação por todos os membros do grupo de controle. Com isso, a questão pode acabar na Justiça.
"O aumento de capital é o único caminho para salvar a empresa. Não aceitar isso é ir contra o dever fiduciário dos conselheiros (...) Conselheiros e o Conselho podem ser acionados judicialmente por não atentarem a isso", afirmou a fonte. "É uma questão de proteger o acordo de acionistas ou proteger a empresa?", questionou a fonte.
Procurada, a Techint, que até recentemente se opunha a injetar mais recursos na Usiminas por entender que existem outras alternativas para a companhia, afirmou em comunicado, nesta terça-feira, que "mantém conversa constante com os outros acionistas da Usiminas para chegar a uma solução" para empresa.
A Techint afirmou ainda que considera como melhor alternativa para aliviar o endividamento da Usiminas e proteger os acionistas um "aporte limitado de capital", aliado a uso de recursos da unidade Mineração Usiminas e negociação com os bancos credores para prolongar os vencimentos de curto prazo.
"Tais premissas confirmam o compromisso da Ternium com o futuro da Usiminas, porém, a Ternium reitera seu interesse por uma rápida solução de longo prazo para a gestão da Usiminas, visando a sustentabilidade da companhia."
Representantes da Nippon Steel no Brasil não comentaram o assunto.
A Usiminas tem vencimentos de R$ 1,9 bilhão este ano e caixa de cerca de R$ 2 bilhões. A empresa encerrou 2015 com geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) negativa em R$ 2,318 bilhões.
A fonte afirmou que os bancos ainda não derem garantia de que vão aceitar rediscutir os vencimentos da Usiminas caso o aumento de capital seja aprovado, mas afirmou que já há entendimentos "sendo visualizados sobre alguns pontos envolvendo curto e longo prazos".
A avaliação do grupo japonês é que um fôlego de três anos para a Usiminas poderia permitir à empresa melhorar sua rentabilidade a partir do quarto ano, quando se espera uma recuperação do mercado siderúrgico brasileiro, disse a fonte.
As vendas de aço no Brasil em 2015 caíram 16%, para 18,2 milhões de toneladas, e para 2016 a expectativa do Instituto Aço Brasil (IABr), representante do setor, é de recuo de cerca 4%.