Macedônia manda imigrantes de volta para Grécia; Chipre desaprova acordo entre UE e Turquia
IDOMENI, Grécia/NICÓSIA (Reuters) - A Macedônia enviou de caminhão cerca de 1.500 imigrantes e refugiados de volta para a Grécia depois que eles forçaram caminho através da fronteira na segunda-feira, ao mesmo tempo que países europeus continuavam a transferir responsabilidades numa crise imigratória que ameaça despedaçar a União Europeia (UE).
A ação policial é parte de uma iniciativa dos países do oeste dos Bálcãs de fechar a rota imigratória da Grécia para a Alemanha. Quase um milhão de pessoas fugindo da guerra e da pobreza no Oriente Médio e em outras regiões usaram o caminho no ano passado, formando o maior fluxo de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.
Contudo, os esforços da UE para fechar um acordo com a Turquia para interromper o fluxo de imigrantes em troca de benefícios econômicos e políticos tiveram um retrocesso nesta terça-feira. Chipre, um integrante da UE, prometeu bloquear os esforços para acelerar as negociações de adesão de Ancara ao bloco, se a Turquia não cumprir as obrigações para reconhecer a nação cipriota.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que vai presidir uma reunião de cúpula entre líderes da UE na quinta-feira e uma com a Turquia na sexta, viajou para Ancara para discutir o acordo, depois de negociar com o presidente cipriota, Nicos Anastasiades.
"Hoje nós estabelecemos um catálogo de temas que precisamos tratar juntos se nós quisermos chegar a um acordo na sexta-feira”, afirmou Tusk depois de negociações em Ancara, acrescentando que convencer todos os 28 países da UE a assinar o pacto “não era uma tarefa fácil”.
Tusk reconheceu que o acordo provisório elaborado na semana passada pela chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, com o premiê turco, Ahmet Davutoglu, levantava problemas legais e precisava ser “reequilibrado”.
Davutoglu disse que o objetivo era reduzir a imigração ilegal e tornar a travessia para a Europa segura.
Enquanto isso, a Comissão Europeia adiou propostas para reformar o sistema de asilo do bloco, que coloca o ônus sobre o país onde os imigrantes chegam primeiro, numa tentativa de evitar ainda mais polêmicas antes de se fechar o acordo com a Turquia.
Cerca de 43 mil imigrantes estão retidos na Grécia, sobrecarregando o país em dificuldades econômicas, e mais pessoas continuam a cruzar diariamente o Mar Egeu da Turquia, apesar das novas patrulhas marítimas da Otan.
Na segunda-feira, um número estimado de 1.500 pessoas saíram de um acampamento de trânsito perto da cidade no norte grego de Idomeni, caminharam por horas em trilhas enlameadas e cruzaram um rio para contornar a cerca da fronteira.
(Por Ognen Teofilovski e Michele Kambas)