Com menores receitas, governo central tem deficit primário recorde em março e no 1º tri

Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Previdência Social e Banco Central) encerrou o primeiro trimestre deste ano com deficit primário de R$ 18,217 bilhões, pior dado para o período na série histórica iniciada em 1997, ressaltando a debilidade das contas públicas com o país mergulhado em recessão.

Segundo informou o Tesouro nesta quinta-feira (28), só em março o saldo da economia feita para pagamento de juros ficou negativo em R$ 7,943 bilhões, o mais fraco para esse mês nos registros históricos. Ele veio, contudo, melhor que o rombo de R$ 10 bilhões estimado por analistas em pesquisa Reuters.

O governo central viu a receita líquida total sofrer queda real de 6,4% em março sobre igual período do ano passado, a R$ 84,771 bilhões, ao passo que as despesas totais tiveram aumento de 4,3%, já descontada a inflação, a R$ 92,714 bilhões.

O Tesouro destacou que a receita continuou sendo duramente impactada pela menor arrecadação de impostos em meio à recessão econômica. Na outra ponta, as despesas foram afetadas por elevação dos benefícios previdenciários (+5,6%) no período e de outras despesas obrigatórias (+6,5%), como abono e seguro desemprego; neste caso em função de efeito calendário que já havia sido antecipado pelo governo.

A meta deste ano é de superavit primário de R$ 24 bilhões para o governo central, dada como inalcançável pelo próprio Executivo, que já encaminhou proposta ao Congresso para registrar rombo de até R$ 96,65 bilhões.

O governo já anunciou dois contingenciamentos este ano, somando R$ 44,6 bilhões. E o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, já afirmou que outro corte deve vir pela frente, em maio, caso o Congresso não dê aval para a nova meta fiscal.

O andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff está emperrando a análise dos parlamentares sobre a questão das contas públicas.

Pela pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, a projeção é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve encolher 3,88% neste ano e crescer 0,30% em 2017.

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