Dilma vai exonerar ministros se for afastada; BC e Esportes são exceções
Por Marcela Ayres e Lisandra Paraguassu
SÃO PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff vai exonerar seus ministros no caso de confirmação do seu afastamento pelo Senado, disse nesta quarta-feira o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE).
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que tem status de ministro, e o ministro interino do Esporte, Ricardo Leyser, serão exceções e continuarão no ministério, disseram fontes à Reuters, sob condição de anonimato.
Mais cedo, uma fonte palaciana tinha dito à Reuters que Tombini poderia ser exonerado, mas duas fontes próximas ao chefe do BC asseguraram que ele continuará no posto.
A intenção do vice-presidente Michel Temer é, se assumir a Presidência da República, deixar Tombini no cargo pelo menos até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 7 e 8 de junho.
Mas ele pode permanecer no comando do BC até o Senado eventualmente confirmar o impeachment de Dilma, o que pode levar até seis meses se o plenário da Casa aprovar por maioria simples, nesta quarta-feira, a instauração do processo de impedimento da presidente.
O atual chefe da autoridade monetária é próximo do futuro ministro da Fazenda Henrique Meirelles e sua permanência não implicaria em negociações políticas necessárias para aprovação de um novo nome no BC. Além disso, pesa o fato de não haver espaço para mudanças bruscas na política monetária em curso.
O ministro interino do Esporte também não será exonerado por Dilma, segundo a fonte palaciana, para não prejudicar o andamento das preparações para a Olimpíada do Rio de Janeiro em agosto.
A decisão de exoneração da maioria do primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios foi informada aos ministros em reunião nesta manhã no Palácio do Planalto, sem a presença de Dilma. Não haverá transição para o governo Temer porque a presidente não considera a mudança democrática e nem uma situação normal de troca de governo.
O ministro do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner, explicou na reunião que cada ministério terá um responsável por passar informações técnicas ao novo governo, possivelmente alguém de segundo ou terceiro escalão, disse a fonte palaciana.
Mesmo atuais secretários-executivos de algumas pastas, que estão atualmente como ministros interinos, serão exonerados.