Autoridade de saúde pública dos EUA diz que Zika não é razão para cancelar Olimpíadas

WASHINGTON, 26 Mai (Reuters) - O surto do vírus Zika no Brasil não representa ameaça suficiente para justificar o cancelamento ou o adiamento dos Jogos Olímpicos marcados para agosto no Rio de Janeiro, disse uma importante autoridade de saúde dos Estados Unidos nesta quinta-feira.

"Não há razão de saúde pública para cancelar ou adiar as Olimpíadas", afirmou Tom Frieden, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, durante um almoço no National Press Club, um centro para jornalistas, em Washington.

Um polêmico estudo publicado por um professor canadense neste mês no Harvard Public Health Review defendeu que os Jogos fossem cancelados ou transferidos porque eles poderiam acelerar o alastramento do Zika pelo mundo. Diversos especialistas em saúde contestaram o estudo pela falta de evidências nesse sentido.

"O risco para as delegações e os atletas não é zero, mas o risco de nenhuma viagem é zero. O risco não é particularmente alto, a não ser para o caso de gestantes", disse Frieden.

A infecção do Zika em grávidas tem se mostrado causa de microcefalia em recém-nascidos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) também disse que há um consenso científico forte de que o Zika pode causar a Síndrome de Guillain-Barré, uma rara síndrome neurológica que causa paralisia temporária em adultos.

A associação entre o Zika e a microcefalia foi notada pela primeira vez no Brasil, que já confirmou mais de 1.400 casos de microcefalia que considera estar relacionado com a infecção do Zika nas mães.

Colocando os riscos para as Olimpíadas em perspectiva, Frieden afirmou que viagens para os Jogos representariam menos de um quarto de um por cento de todas as viagens para áreas afetadas pelo Zika.  

O diretor do Centro de Controle de Doenças pediu ao Congresso que aprove os fundos necessários para lutar contra o Zika mundialmente e para proteger gestantes nos Estados Unidos e seus territórios, como Porto Rico, onde autoridades esperam centenas de milhares de casos de Zika.

O Senado dos EUA aprovou 1,1 bilhão de dólares do 1,9 bilhão que o governo Obama pediu como fundo emergencial para o Zika, enquanto os deputados prometeram somente cerca de 622 milhões de dólares, e muito desse dinheiro viria de recursos já destinados para a saúde.

Frieden afirmou esperar que o Congresso “faça a coisa a certa” e dê os recursos necessários, assim como pague de volta o dinheiro que a agência já tirou de outras fontes, como a verba para lutar contra o Ebola em 2017 e 2018. "Precisamos do dinheiro de volta para evitar que o Ebola retorne", disse ele.

Os Estados Unidos e seus territórios já registraram 279 gestantes que testaram positivo para o Zika.

"Precisamos de uma resposta forte para proteger as mulheres norte-americanas e reduzir o número de famílias afetadas", declarou. "O que não fizermos agora, vamos nos arrepender depois."

(Por Bill Berkrot)

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