FED pode aumentar juros em breve, mas saída da Grã Bretanha da UE preocupa

WASHINGTON, 26 Mai (Reuters) - O Federal Reserve americano continua assentado as bases para um aumento nas taxas de juro nos próximos dois meses, com um oficial de alto escalão afirmando que a economia está pronta para um movimento como esse "muito em breve".

O diretor do FED Jerome Powell, um dos membros votantes do comitê do banco central que define as taxas, afirmou em um discurso em Washington que sente a economia em bases sólidas e dentro das metas de inflação e emprego do FED.

Mas acrescentou que a incerteza sobre o resultado do referendo do dia 23 de junho que decidirá se a Grã Bretanha deixará ou não a União Europeia foi um argumento em favor do FED ter cautela ao analisar se eleva ou não as taxas em sua reunião nos dias 14 e 15 de junho. Outro encontro acontece entre 26 e 27 de julho.

Powell, no entanto, manteve um tom positivo sobre a economia americana em sua aparição no Instituto Peterson de Economia Internacional, tornando-se mais um oficial do FED a dizer nos últimos dias que pode ser a hora de aumentar mais um pouco os juros.

O conselho do FED tem papel decisivo na determinação da política monetária e seus membros tem voto permanente no comitê que define as taxas dos fundos federais.

Powell afirmou que os dados mostrando o crescimento contínuo dos empregos e as evidências do crescimento da renda são sinais mais importantes do que a recente diminuição do gasto de consumidores e em investimentos. "Estas são boas razões para pensar que o crescimento subjacente é mais forte do que esses números sugerem", afirmou Powell. "Se os próximos dados confirmarem essa expectativa, eu veria como apropriado continuar um aumento gradual das taxas dos fundos federais".

RISCOS GLOBAIS DIMINUEM

Powell falou um dia antes de uma aparição pública prevista da presidente do FED, Janet Yellen. Suas declarações nesta sexta-feira, assim como as de um discurso previsto para o início de junho, serão analisadas minuciosamente por pistas sobre sua posição na próxima reunião do FED.

Depois de subir as taxas pela primeira vez em uma década no último mês de dezembro, o FED observa com cuidado o vai e vem da economia global e o fraco crescimento na China, Europa e Japão, que ameaçam tirar a recuperação da economia americana dos trilhos.

Mas, nesse momento, a avaliação é que esses riscos vêm diminuindo e desde a reunião de abril vários dos seus oficiais passarão a defender um novo aumento de juros em junho. Isso alterou as expectativas do mercado, que havia descartado taxas mais altas até o final deste ano.

Apesar de oficiais como Powell terem afirmado que o risco sistêmico da saída da Grã Bretanha da UE ser pequeno, o fato ainda é visto como um risco internacional em um momento em que a economia americana ainda sente o peso da demanda global baixa e da valorização do dólar.

"Brexit possivelmente irá segurar a mão do FED em junho, mas eles estão no caminho para um aumento em julho", afirmou David Stockton, ex-diretor de pesquisa do FED.

(Por Howard Schneider e Linday Dunsmuir)

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

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