Governador de Tóquio renuncia após escândalo de uso indevido de dinheiro público

Elaine Lies

Em Tóquio

  • Shuji Kajiyama/AP

    O governador de Tóquio, Yoichi Masuzoe, renunciou por ter usado dinheiro público para comprar obras de arte e HQs para o filho

    O governador de Tóquio, Yoichi Masuzoe, renunciou por ter usado dinheiro público para comprar obras de arte e HQs para o filho

O governador de Tóquio, Yoichi Masuzoe, renunciou nesta quarta-feira (15) depois de ser duramente criticado pelo uso inadequado de dinheiro dos contribuintes japoneses, inclusive para pagar férias familiares e obras de arte, no constrangimento mais recente da capital japonesa em meio aos preparativos para sediar a Olimpíada de 2020.

Masuzoe é o segundo governador a entregar o cargo desde que Tóquio conquistou o direito de sediar os Jogos, mas autoridades disseram que sua saída não terá impacto na preparação do evento. Seu antecessor renunciou em função de um escândalo de financiamento poucos meses depois de a metrópole ser confirmada, em setembro de 2013, como a sede olímpica após os Jogos Rio 2016.

O governador, de 67 anos, que venceu a eleição de 2014 com apoio da coalizão governista do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, vinha sofrendo pressões crescentes para sair do posto devido à sua recusa reiterada de justificar o uso de verbas públicas, inclusive para comprar revistas em quadrinhos para seus filhos.

Ele renunciou horas antes de uma moção de desconfiança, que estava agendada para ser votada na assembleia de Tóquio nesta quarta-feira.

Autoridades do Partido Liberal Democrata (PLD) de Abe se reuniram com Masuzoe e pediram sua renúncia, temendo uma reação negativa dos eleitores na eleição da Câmara Alta do Parlamento, no dia 10 de julho, caso ele permanecesse na função. 

A recusa de Masuzoe de explicar seus gastos gerou revolta no eleitorado de Tóquio, que bombardeou o governo com milhares de queixas. Pesquisas revelaram que uma ampla maioria pedia sua saída.

Na segunda-feira, Masuzoe prometeu devolver o salário e pediu que a moção fosse adiada até o final da Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016, em 22 de agosto, quando a bandeira olímpica será transferida para Tóquio.

"Não é que eu queria me apegar à cadeira de governador, mas ter uma eleição ao mesmo tempo que a Olimpíada do Rio seria ruim para Tóquio como próxima sede olímpica", disse.

A renúncia do precursor de Masuzoe, Naoki Inose, atrasou os preparativos para Tóquio 2020, mas seus organizadores afirmaram nesta semana que o dilema de Masuzoe não está afetando os Jogos. Mas o planejamento vem sendo prejudicado por problemas, como a desistência dos planos para o estádio principal e alegações de plágio do logotipo, além de dúvidas sobre pagamentos ao comitê que formulou a proposta da capital como sede dos Jogos.

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