Paes diz que Rio 2016 não é causa da crise no Estado, mas é argumento para ajuda federal

Rodrigo Viga Gaier

No Rio

  • Buda Mendes/Getty Images

    Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro

    Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), disse nesta terça-feira que a Olimpíada de agosto na cidade não é a causa da grave crise financeira atravessada pelo governo do Estado, mas serve de argumento para pedido de dinheiro ao governo federal para tentar estabilizar os serviços essenciais.

Paes afirmou, em entrevista coletiva convocada para dar garantias sobre a situação financeira do município com vistas aos Jogos, que não há relação entre os problemas financeiros do Estado e a realização da Olimpíada porque a maior parte dos projetos olímpicos é de responsabilidade da Prefeitura.

“Quero desmistificar isso e não culpem a Olimpíada pela crise. Os olímpicos não vão usar hospitais do Estado, não vão passar por escola estadual, e a própria segurança pública pode contar com a Força Nacional e as Forças Armadas”, disse o prefeito.

"Não vejo problema o governo federal ajudar o Estado para ajudar a Olimpíada, mas a Olimpíada não é a causa da quebra do Rio de Janeiro", afirmou. "Tem que ajudar o Estado não por conta da Olimpíada, mas para que os serviços do estado sejam cumpridos".

O governo estadual do Rio decretou na semana passada situação de calamidade em razão da grave crise financeira e dos compromissos que ainda tem com a preparação final para os Jogos de 2016, em especial a conclusão das obras da Linha 4 do metrô e o pagamento das forças de segurança do Estado.

Para o prefeito, embora as causas da quebra do Estado sejam estruturais, a decretação de calamidade pública é justificável para viabilizar recursos essenciais para o funcionamento dos serviços estaduais e para a conclusão da obra do metrô.

Paes destacou que o próprio governo federal transferiu para a Prefeitura algumas responsabilidades ao longo da preparação da Olimpíada e que empenhou pouco mais de 2 bilhões de reais nas obras ligadas exclusivamente aos Jogos, de um orçamento total da Olimpíada de quase 40 bilhões de reais.

“O governo federal foi parceiro sim, mas não aportou fortuna aqui, e a Olimpíada não é sustentada pelo governo federal”, disse.

A expectativa do Estado do Rio de Janeiro é de receber nos próximos dias cerca de 3 bilhões de reais do governo federal, que seriam usados para pagamento da folha de servidores, bônus para os policiais que trabalharão na segurança dos Jogos e para a conclusão das obras da Linha 4 do metrô.

O discurso da administração estadual é que a obra, com a ajuda do governo federal, ficará pronta em 1º de agosto, antes da abertura dos Jogos no dia 5, mas os testes necessários não serão feitos no tempo ideal.

“Vai ficar pronto. Agora vem o dinheiro do governo federal. O problema é se der algum problema. O metrô vai operar sem os testes e o aprendizado vai ser com ele operando”, disse uma fonte próxima à organização dos Jogos.

O prefeito da cidade olímpica reconheceu que a decisão do Estado de decretar calamidade pública a poucas semanas da abertura dos Jogos, que vão de 5 a 21 de agosto, cria uma confusão para quem está fora do país e um desgaste de imagem para a Olimpíada.

“É óbvio que sim, mas é melhor enfrentar o problema do que deixar de lado”, afirmou.

Além da ajuda emergencial ao Estado a partir da decretação do estado de calamidade pública, o governo federal tenta em cima da hora viabilizar mais de 200 milhões de reais para ajudar o comitê organizador da Olimpíada nas cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos, que acontecerão no estádio do Maracanã.

Os recursos poderão ser viabilizados por patrocinadores públicos ou privados, com intermédio da administração federal.

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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