Petrobras aceita compartilhar controle da BR Distribuidora para atrair sócio
Por Marta Nogueira e Jeb Blount
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras decidiu reformular o modelo de busca por sócios na BR Distribuidora, passando a aceitar ofertas pelo controle compartilhado de sua subsidiária de combustíveis, numa operação que deverá ser concluída no início do próximo ano.
A decisão foi aprovada pelo Conselho de Administração nesta sexta-feira, menos de dois meses após Pedro Parente assumir o comando da empresa, em uma reunião marcada por uma série de medidas que buscam facilitar a obtenção de recursos e cancelar investimentos que não seriam lucrativos para a petroleira em refino.
No modelo de venda da BR, haverá uma estrutura societária que envolverá as classes de ações ordinárias e preferenciais, de forma que a Petrobras permaneça majoritária no capital total, mas com uma participação de 49 por cento no capital votante.
"Até o fim do ano, a gente espera receber as ofertas vinculantes com relação a esse modelo de venda... (um possível fechamento) ficaria para o início do ano que vem", afirmou nesta sexta-feira a gerente-executiva de Aquisições e Desinvestimentos da petroleira estatal, Anelise Quintão Lara, em uma conferência com jornalistas por telefone.
A reformulação do modelo de vendas da BR Distribuidora, formalmente nomeada Petrobras Distribuidora, ocorreu depois que houve um baixo interesse pelo modelo ofertado inicialmente, onde a Petrobras ainda teria o controle, segundo a executiva.
Anelise explicou que, das três propostas recebidas pela petroleira, duas previam o controle compartilhado, embora o modelo proposto inicialmente pela Petrobras não fosse esse.
O novo modelo de venda, segundo ela, busca maximizar o valor do negócio de distribuição de combustíveis, atender os objetivos estratégicos da Petrobras e manter a operação integrada na cadeia do petróleo.
A executiva explicou que quando o processo de venda for colocado no mercado haverá uma minuta de um acordo de acionistas que irá refletir questões estratégicas para a Petrobras, onde os proponentes poderão ter uma maior clareza sobre o negócio.
Apesar do prolongamento do processo de venda da subsidiária, a Petrobras manteve a meta de desinvestir mais de 14 bilhões de dólares ainda neste ano. Segundo Anelise, a empresa tem um portfólio de ativos que podem ser negociados.
A executiva explicou ainda que o modelo adotado para a venda da BR Distribuidora "com certeza" poderá ser adotado para a oferta de participações em outras empresas do sistema Petrobras.
Em um comunicado, a Petrobras informou ainda nesta sexta-feira que terá uma entrada de caixa de 464 milhões de dólares com a venda de sua subsidiária Petrobras Chile para a Southern Cross Group e que a previsão é de que o negócio seja concluído no prazo de três a quatro meses.
DECISÕES NO REFINO
O Conselho de Administração da empresa também aprovou uma reavaliação do projeto Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e da Refinaria do Nordeste (Rnest), também conhecida como Abreu e Lima, em Pernambuco.
Na reunião, o colegiado determinou o cancelamento dos projetos da segunda unidade de refino do Comperj (trem 2, no jargão do setor) e da unidade de lubrificantes do empreendimento.
Além disso, permitiu a continuidade das atividades de implementação da unidade de processamento de gás natural e postergou investimentos de outras partes do trem 1 até dezembro de 2020, orientando que continuem os esforços em busca de parceiros para dar continuidade aos investimentos.
Sobre a Rnest, o Conselho permitiu que a empresa realize contratações para a conclusão de uma unidade de abatimento de emissões e demais obras do trem 1, que permitirão que a empresa opere com 100 por cento da capacidade dessa unidade.
Já a respeito das obras do trem 2 da Rnest, a empresa informou que a decisão final será apresentada no próximo Plano de Negócios e Gestão, previsto para ser publicado até outubro.