Jornalista proeminente e acadêmico são presos na Turquia em investigação sobre golpe
ISTAMBUL (Reuters) - Autoridades turcas prenderam um proeminente jornalista e seu irmão, um conhecido acadêmico, neste sábado, como parte de investigações sobre uma fracassada tentativa de golpe em julho atribuída a seguidores de um clérigo que mora nos Estados Unidos.
Ahmet Altan, um escritor e ex-editor-chefe do jornal Taraf, e seu irmão Mehmet foram presos para interrogação por conta de seus comentários em um programa de TV que foi ao ar um dia antes da tentativa de golpe, de acordo com relatos da imprensa local e do P24, uma associação de Istambul que apoia o jornalismo independente.
O Taraf, um dos diversos veículos de imprensa fechados desde a tentativa de golpe, foi considerado próximo à rede do clérigo Fethullah Gulen, que mora nos EUA e foi acusado de orquestrar o fracassado golpe. O clérigo nega qualquer envolvimento.
Promotores turcos e a polícia não puderam ser imediatamente contatados para comentar sobre o assunto.
A Turquia deteve mais de 100 jornalistas desde os eventos de 15 de julho, nos quais soldados rebeldes assumiram o controle de tanques de guerra e jatos de combate, bombardeando o parlamento e outros edifícios em uma tentativa de tomar o poder.
Dezenas de milhares de pessoas, entre policiais, soldados, juízes e servidores públicos, foram exonerados por suspeita de ligação com Gulen, o que gerou críticas de grupos de direitos e de alguns aliados ocidentais, que temem uma grande tentativa de silenciar vozes contrárias ao governo.
Alguns dos jornalistas presos são conhecidos por seu ativismo de esquerda e não compartilham a visão de mundo religiosa do movimento de Gulen.
Autoridades turcas rejeitam tais preocupações, dizendo que a repressão é justificada pela gravidade da ameaça ao Estado turco em 15 de julho, quando mais de 240 pessoas foram mortas, muitas delas civis. Aqueles que não tiverem ligações com o golpe serão soltos, disseram autoridades.
(Por Asli Kandemir)