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Variantes de covid incitam segunda disparada na Índia, dizem epidemiologistas

Arquivo - A Índia acumula 14,1 milhões de infecções por covid-19 e 173.123 mortes no total - Sajjad Hussain/AFP
Arquivo - A Índia acumula 14,1 milhões de infecções por covid-19 e 173.123 mortes no total Imagem: Sajjad Hussain/AFP

Neha Arora e Shilpa Jamkhandikar

Em Nova Déli e Mumbai

15/04/2021 12h38

A segunda disparada de casos de covid-19 na Índia está sobrecarregando os hospitais muito mais rápido do que a primeira porque mutações do vírus fazem cada paciente infectar muito mais pessoas do que antes, dizem epidemiologistas e médicos.

As infecções diárias da Índia aumentaram mais de 20 vezes e passaram de 200 mil hoje depois de atingirem uma baixa de muitos meses no início de fevereiro, mas o governo minimiza o papel das mutações no aumento mais recente — o pior deste mês em qualquer local.

O país mais atingido do mundo depois dos Estados Unidos relatou cerca de 950 casos de pessoas que contraíram as variantes detectadas primeiramente no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil.

"A questão é que estas variantes preocupantes ainda não estão em destaque nos debates", disse o epidemiologista Rajib Dasgupta, da Universidade Jawaharlal Nehru, de Nova Déli.

"Mesmo que seja uma variante nova, você tem que fazer as mesmas coisas" para controlá-la e tratar pacientes, "mas é preciso uma urgência diferente para reconhecer isto", disse.

Médicos do Instituto de Ciências Médicas, de Nova Déli, descobriram que agora um paciente está infectando 9 de 10 contatos — no ano passado eram até quatro.

Cientistas do Reino Unido dizem que a variante B.1.1.7, conhecida amplamente como a mutação britânica, é 70% mais transmissível do que variantes anteriores e muito mais letal.

Punjab, estado do norte indiano que relata uma das taxas de mortalidade mais altas do país, informou no final do mês passado que 81% de 401 amostras de covid-19 que enviou para sequenciamento genômico eram da variante britânica.

"Este vírus é mais infeccioso e virulento", disse Dhiren Gupta, consultor sênior do Hospital Sir Ganga Ram de Nova Déli.

"Mais crianças estão relatando febre alta do que no ano passado. Temos pessoas de 35 anos com pneumonia no tratamento intensivo, o que não estava acontecendo no ano passado."

A Índia acumula 14,1 milhões de infecções e 173.123 mortes no total.

O governo atribui o grande aumento de casos principalmente a uma relutância no uso de máscaras e a aglomerações.

Mesmo assim, recusou-se a cancelar uma reunião em massa de devotos hindus para um festival, e seus ministros estão discursando para dezenas de milhares de pessoas majoritariamente sem máscaras em comícios eleitorais.