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G7 busca unidade contra China no 1° encontro desde início da pandemia

G7 busca unidade contra China no 1° encontro desde início da pandemia - Shutterstock
G7 busca unidade contra China no 1° encontro desde início da pandemia Imagem: Shutterstock

04/05/2021 17h17

Os ministros das Relações Exteriores do G7, as sete democracias mais ricas do planeta, começaram a analisar nesta terça-feira (4) em Londres, em seu primeiro encontro presencial em mais de dois anos, como apresentar uma resposta conjunta a ameaças mundiais como a China.

As situações na Rússia, em Mianmar e na Síria estão na agenda do encontro de dois dias, organizado pelo Reino Unido, que preside o grupo este ano, antes da reunião de cúpula de chefes de Estado e de Governo prevista para acontecer de 11 a 13 de junho no sudoeste da Inglaterra.

Após um jantar de boas-vindas na segunda-feira, que abordou os programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte, os ministros iniciaram nesta terça-feira os contatos formais em Lancaster House, oeste de Londres, dando-se as boas-vindas com os cotovelos.

O G7 dedicou a primeira sessão à China, cujo crescente peso militar e econômico, além da vontade de exercer sua influência ao redor do mundo, preocupa cada vez mais as democracias ocidentais.

"Não é o nosso propósito tentar conter a China", disse na segunda-feira o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

"O que tentamos fazer é manter uma ordem internacional baseada em normas, nas quais nossos países investiram tando durante tantas décadas em benefício, diria eu, não apenas de nossos próprios cidadãos, mas das pessoas de todo mundo, incluindo, certamente, a China", completou.

Blinken prometeu uma "sólida cooperação" com o Reino Unido para pressionar a China sobre a região de Xinjiang, onde a reclusão de um milhão de uigures e outros muçulmanos foi classificada como genocídio por Washington, e sobre a repressão dos direitos civis em Hong Kong, ex-colônia britânica devolvida à soberania chinesa em 1997.

"Trabalhar com a China"

Apesar da crescente tensão diplomática entre Londres e Pequim, o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, alinhou-se com o governo de Joe Biden, que mudou o tom em relação à postura beligerante do ex-presidente Donald Trump. E pediu para encontrar "formar construtivas de trabalhar com a China de maneira sensata e positiva onde for possível, incluindo a mudança climática".

"Queremos que a China assuma o papel que lhe corresponde", disse Raab.

Os países do G7 - que também incluem Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão - compartilham em sua maioria uma preocupação com a China, mas com abordagens diferentes.

Tóquio tem divergências históricas com Pequim, mas não se uniu aos países ocidentais com sanções, pelo temor de inflamar as relações com seu vizinho e sócio comercial.

A Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) participa como convidada no encontro, ao lado de Índia, Austrália, Coreia do Sul, África do Sul, e os representantes da União Europeia, entre eles o chefe da diplomacia do bloco, o espanhol Josep Borrell.

Consenso

Na primeira reunião presencial de chanceleres do G7, os encontros seguem um rígido protocolo devido à pandemia, com delegações reduzidas, máscaras, distanciamento físico e telas de acrílico.

"Em uma videoconferência, te limita a ler um documento. Não há interatividade, não há contato corpo a corpo", disse Borrell à AFP.

"Esse tipo de reunião é importante porque nos sentamos em torno de uma mesa, mas depois nos levantamos e conversamos bilateralmente ou em grupos. É a forma de fazer consensos, é a forma de fazer acordos", acrescentou.

Os ministros das Finanças do G7, que já se reuniram várias vezes por videoconferência este ano, o farão frente a frente nos dias 4 e 5 de junho em Londres, anunciou o governo britânico, com uma agenda centrada nos planos de recuperação após a pandemia.

O Reino Unido, que registra mais de 127.500 mortes provocadas pela covid-19, está progressivamente flexibilizando seu terceiro confinamento, à medida que avança a campanha de vacinação, e os contágios diminuem em seu território, apesar de outros países viverem um recrudescimento.

Estas disparidades geraram apelos a favor de uma ação internacional reforçada na pandemia, em particular um acesso maior às vacinas, um dos principais temas a que será dedicada a sessão de quarta-feira.

Este encontro é a ocasião para dar "respostas positivas" em termos de ajuda "aos países mais vulneráveis", disse Raab ao canal privado Sky News na tarde de terça-feira.