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Covid-19: menores de 18 anos não serão vacinados na França

 Testes clínicos realizados até o momento pelos laboratórios avaliaram apenas os efeitos da vacina em adultos - Freepik
Testes clínicos realizados até o momento pelos laboratórios avaliaram apenas os efeitos da vacina em adultos Imagem: Freepik

03/12/2020 12h24

As agências de saúde não vão autorizar a vacina contra a covid-19 aos menores de 18 anos. O motivo: os testes clínicos realizados até o momento pelos laboratórios avaliaram apenas os efeitos do imunizante em adultos. A medida, no entanto, pode ser revisada em 2021.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, deve apresentar hoje a estratégia de vacinação contra a covid-19 na França. No entanto, já se sabe que crianças e adolescentes não serão imunizados, ao menos na primeira fase do plano do governo.

A Alta Autoridade de Saúde da França fez uma lista de diferentes grupos da população que serão vacinados, a começar pelas pessoas idosas que vivem em casas de repouso. Ao todo, a campanha terá cinco fases ao longo de 2021. Mas até o momento, os mais jovens não fazem parte do plano do governo.

Segundo o vice-presidente da Comissão Técnica de Vacinação da França, Daniel Floret, a decisão é baseada na prioridade da população a ser imunizada. "As crianças contraem pouco a doença e não tem muita importância na cadeia de transmissão. Os adolescentes se contaminam um pouco mais, mas geralmente desenvolvem formas benignas. Claramente as categorias jovens não fazem parte das que correm mais risco", afirma, em entrevista ao jornal Le Parisien.

Devido aos raros casos de covid-19 entre menores, as empresas farmacêuticas não concentram seus esforços neste grupo. O infectologista e coordenador do Conselho Nacional de Pediatria da França, Robert Cohen, afirma que a decisão "é clássica".

"É normal que, seja para uma nova vacina ou um novo medicamento, um ensaio clínico não comece com uma população de crianças e adolescentes, para quem as consequências do produto, a longo prazo, são mais difíceis de serem avaliadas. Sempre começamos com adultos", reitera o especialista ao jornal Le Parisien.

Além disso, as autorizações pedidas pelos laboratórios que desenvolvem a vacina contra a covid-19 às agências sanitárias são feitas para a categoria "adultos". Para poder distribuir uma vacina que seja injetável em menores de 18 anos, é preciso ter uma licença especial.

Por isso, a maioria dos países devem fazer a mesma escolha, ainda que a idade possa variar de acordo com cada país. No Reino Unido, por exemplo, a Agência Independente de Regulamentação de Medicamentos e dos Produtos de Saúde, deu sinal verde para a imunização "acima de 16 anos".

Decisão pode ser revisada em 2021

As condições de vacinação de menores de idade posem ser revisadas no próximo ano, em função de estudos que avaliarão os efeitos dos imunizantes em crianças e adolescentes. "Em função dos dados produzidos, as agências de saúde poderão eventualmente rever seus posicionamentos nos próximos meses", reitera Floret. Segundo ele, será primeiramente necessário observar o que acontecerá com os adultos quando o medicamento for utilizado em massa.

"Se a segurança deles for excelente, não tiver efeitos secundários e se eles protegerem fortemente do contágio, a questão do interesse da imunização para os jovens será colocada sobre a mesa", diz. Afinal, o especialista lembra que, enquanto os testes mostram hoje uma eficácia alta das vacinas nas populações acima de 18 anos, "será preciso esperar um pouco para se pronunciar sobre crianças e adolescentes".