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Apesar de pressão da OMS, Europa mantém 3ª dose de vacina anticovid para setembro

Israel já começou a aplicar doses de reforço em residentes com mais de 60 anos - Dado Ruvic/Reuters
Israel já começou a aplicar doses de reforço em residentes com mais de 60 anos Imagem: Dado Ruvic/Reuters

05/08/2021 15h00

Enquanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) pede aos países ricos a doação das vacinas anticovid para nações onde falta imunizante, a Europa pretende iniciar a aplicação da terceira dose de vacina já em setembro.

Nesta quinta-feira (5), horas depois do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ter pedido o adiamento do reforço da imunização e a doação das vacinas, o presidente francês Emmanuel Macron confirmou que a terceira dose de imunização começará na França em setembro e será aplicada entre os idosos e a população imunodeprimida.

O anúncio de Macron segue a política da vizinha Alemanha, que anunciou esta semana que começará em 1° de setembro a campanha do reforço vacinal.

No país de Angela Merkel, também terão acesso a uma nova vacina todos aqueles que não receberam doses de imunizante feitos com a tecnologia de RNA Mensageiro. Os medicamentos da Pfizer e da Moderna têm se mostrado mais eficazes na prevenção do contágio da variante Delta, já majoritária na Europa.

Na Suécia, o governo anunciou que a partir do final de setembro começará a vacinar com a terceira dose as pessoas mais vulneráveis, e acrescentou que grande parte da população deverá receber o reforço em 2022.

A ministra espanhola da Saúde, Carlina Darias, disse no final de julho que "tudo apontava para a necessidade de uma terceira dose da vacina", mas a Espanha ainda não anunciou data de início ou o público-alvo previsto para o reforço de imunização.

Israel já começou a aplicação da terceira dose para quem tem mais de 60 anos. O caso deve servir como estudo para ver em escala os reais efeitos de um reforço imunitário para o controle do coronavírus.

Desigualdade de vacinação

O diretor da OMS já afirmou mais de uma vez que o mundo só conseguirá colocar fim à pandemia de Covid-19, iniciada em 2020, com a redistribuição de vacinas. No entanto, os países ricos, pressionados pela reaparição de casos entre os mais jovens no momento em que retiravam as restrições sanitárias, parecem fazer ouvidos moucos aos apelos de Tedros.

Nesta semana, o chefe da organização internacional pediu ao menos que os países adiassem o início da aplicação da dose extra, abrindo mão assim de uma parte das vacinas já produzidas até o momento.

Os Estados Unidos rejeitaram rapidamente o pedido, afirmando que "não precisa" escolher entre doar as vacinas ou aplicar em seus cidadãos. O país, que imunizou completamente metade de sua população, tinha comprado até julho mais de 500 milhões de vacinas.

Do lado europeu, o discurso é parecido. A União Europeia afirma que exportou metade de todas as vacinas produzidas em seus países e que doou ? 3 bilhões para a iniciativa internacional Covax, de distribuição de imunizantes aos países mais pobres.

No entanto, a Covax até agora só entregou 153 milhões de vacinas para 137 países, quantidade muito aquém da necessária para imunizar a população dessas nações. Na África, nem 5% de seus habitantes receberam a primeira dose da vacina e apenas 1,58% está completamente vacinado, de acordo com o Centro de Controle de Doenças da União Africana.

Desde o início da pandemia, o mundo já registrou mais de 200 milhões de casos de Covid-19. A doença causou 4,5 milhões de mortes até o momento. Só no Brasil, segundo país em número de vítimas fatais, 560 mil pessoas perderam suas vidas em consequência do coronavírus.