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Pelo 7° ano consecutivo, gastos com armas batem novo recorde em 2021: mais de US$ 2,1 trilhões

24.09.2020 - Bolsonaro exibe armamento em ato de entrega de munição, armas e viaturas à Polícia Rodoviária Federal -  Carolina Antunes/PR
24.09.2020 - Bolsonaro exibe armamento em ato de entrega de munição, armas e viaturas à Polícia Rodoviária Federal Imagem: Carolina Antunes/PR

25/04/2022 16h28

Segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira (25), mais de US$ 2,1 trilhões foram gastos em 2021 em equipamentos militares em todo o mundo. Estados Unidos, China, Índia, Reino Unido e Rússia concentram dois terços deste montante.

Pelo sétimo ano consecutivo e apesar das consequências negativas à economia da pandemia de Covid-19, as despesas com armamentos bateram um novo recorde: US$ 2,1 trilhões. "Essa é a quantia mais alta que já registramos", afirma Diego Lopes da Silva, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri, sigla em inglês).

De acordo com o relatório elaborado pelo instituto, as despesas da Rússia com material militar aumentaram em 2,9% pelo terceiro ano consecutivo, atingindo US$ 65,9 bilhões. Os gastos representam 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, "um nível mais elevado do que a média mundial", observa Lopes da Silva.

Segundo ele, os lucros com as exportações de petróleo e gás permitiram a Moscou financiar suas imensas despesas com equipamentos bélicos. No entanto, devido à onda de sanções da parte dos países ocidentais contra a Rússia desde a invasão à Ucrânia, dificilmente o Kremlin conseguirá manter o mesmo nível de gastos com armamentos, avalia o pesquisador.

Em 2014, quando anexou a Crimeia, a Rússia também foi alvo de sanções em um momento em que os preços da energia estavam em queda. Na época, isso não teve um grande impacto à Moscou na aquisição de material militar. "Agora temos sanções ainda mais severas, mas o valor da energia mais elevado pode contribuir para que a Rússia mantenha a aquisição de armamentos neste mesmo nível", reitera Lopes da Silva.

Por outro lado, os gastos militares da Ucrânia aumentaram em 72% desde a anexação da Crimeia. Mesmo que o investimento de Kiev em material bélico tenha diminuído mais de 8% em 2021, para atingir US$ 5,9 bilhões de dólares, o montante representa hoje 3,2% do PIB do país.

Tensões na Europa

Com o acirramento das tensões na Europa, os países membros da Otan também aumentaram seus gastos. No ano passado, oito membros membros da aliança atlântica consagraram 2% de seu PIB ao orçamento militar.

Os Estados Unidos são os que mais investem na compra de armamentos, gastando US$ 801 bilhões em 2021. No entanto, foram contra a tendência de aumento e dimnuíram os investimentos em 1,4%. Ao longo da última década, os gastos americanos em matéria de pesquisa e desenvolvimento aumentaram em 24%, enquanto a aquisição de armas diminuiu em 6,4%.

"O governo americano ressaltou diversas vezes a necessidade de preservar as vantagens tecnológicas do exército nacional sobre seus concorrentes estratégicos", apontou Alexandra Marksteiner, também pesquisadora do Sipri.

China aumenta investimento em armas há 27 anos

A China, a segunda maior investidora em material militar no mundo, gastou US$ 293 bilhões de dólares, aumentando suas despesas em 4,7%. Pequim registrou assim seu 27° ano consecutivo de aumento com equipamento bélico.

O reforço da capacidade militar chinesa incitou os países vizinhos a fazer o mesmo. O Japão, por exemplo, gastou US$ 7 bilhões, registrando um aumento de 7,3%, na maior alta desde 1972.

A Austrália investiu 4% a mais em seu exército, chegando a US$ 31,8 bilhões em 2021 destinados a armamentos. A Índia, terceiro país no mundo a mais comprar material bélico, gastou US$ 76,6 bilhões, aumentando seu financiamento em 2021, mas de forma mais modesta: 0,9%.

O Reino Unido ocupa o quarto lugar, com uma alta de 3% no montante destinado a compras de armamentos, que chegou a US$ 68,4 bilhões em 2021. Os britânicos pegaram o lugar da Arábia Saudita, que diminuiu seus gastos em 17%, para chegar, no ano passado, a um investimento estimado em US$ 55,6 bilhões.

(Com informações da AFP)