Homenageando a si mesma, Beija-Flor justifica fama de bicho-papão
Bicho-papão do Carnaval carioca, a Beija-Flor entrou na Sapucaí para repetir o título de 2018 com o enredo "Quem não Viu, Vai Ver as Fábulas do Beija-Flor". Buscando o 15º campeonato, a escola de Nilópolis homenageou a si mesma com um samba que emocionou o público.
Segundo o carnavalesco Cid Carvalho, o desfile celebrou a memória da agremiação, terceira maior campeã do Grupo Especial, com momentos especiais de sua história. Além dos desfiles famosos, foram lembrados fatos curiosos, como a alegoria de 1989 que levou ratos e urubus fictícios à Marquês de Sapucaí.
A agremiação chegou à avenida com duas rainhas de bateria a e o intérprete oficial da escola, o carismático Neguinho da Beija-Flor, sambou, correu e estremeceu a Sapucaí no grandioso desfile.
Símbolo
O abre-alas homenageou personalidades da escola e trouxe crianças estudando em uma sala de aula azul e branca, com um telão lembrando aqueles que fizeram parte da história da icônica agremiação. Ao fundo, o pássaro símbolo da escola seguia escondido, mas roubou a cena quando entrou em destaque. Com cerca de cinco metros de comprimento, a ave abriu as asas com a ajuda de dois integrantes e surgiu imponente no topo do carro alegórico. Após alguns segundos, o Beija-Flor voltou ao seu lugar de origem.
Comissão de frente
Chamada de "O Bloco dos Animais", a comissão de frente da Beija-Flor poderia parecer simples à primeira vista. Uma construção no chão com diversas ramificações foi acompanhada por pássaros. De repente, eis que a construção se elevou e transformou-se em uma gigantesca árvore com diversas luzes. Os pássaros, então, saíram da árvore como animais, uma interpretação da Fábula de Esopo. A escola não quis chamar bailarinos para a comissão, escolhendo pessoas apaixonadas pelo Carnaval e pela Beija-Flor para dar mais autenticidade.
Duas rainhas
Raíssa de Oliveira está há 16 anos à frente da Beija-Flor e neste ano ela veio de Pantera Negra, em uma bela fantasia preta e dourada. O Carnaval também foi especial para Soninha Capeta, rainha de bateria da agremiação entre 1988 e 2002, que foi homenageada na Sapucaí pela sua importância na Beija-Flor e sambou ao lado de Raíssa. "A emoção é demais. Estou muito feliz por ter sido homenageada hoje. O momento é só de felicidade", disse Soninha após cair no samba.
Crítica aos políticos
No carro "Sedução e Poder", a escola fez uma interpretação do conto "A Raposa e as Uvas". Com Claudia Raia usando uma exuberante fantasia de raposa com tons roxos e lavanda, o clima fantástico e um tanto infantil da fábula deu espaço a uma representação do Senado. Grades presentes no topo do carro transformaram-se em colunas e a atriz global subiu em um palanque para saudar seus seguidores. A ideia é que o poder seduz e que Brasília está cercada de raposas na política.
Neguinho da Beija-Flor
Luiz Antônio Feliciano Marcondes, o Neguinho da Beija-Flor, é o intérprete oficial da agremiação desde 1976 e não perdeu o pique. Com quase 70 anos, a impressão que passou é que o cantor começou o desfile com a voz um pouco rouca, com dificuldade de atingir certas notas. Mas nada que alguns minutos na avenida deixassem Neguinho pronto. Além da voz poderosa, ele correu pela Sapucaí, cumprimentou amigos, caiu no samba e seguiu a folia.
Dinossauros na Sapucaí
Como o desfile da Beija-Flor foi uma homenagem ao legado da escola, vários enredos vistos em carnavais passados foram resgatados. O luxo no desfile ficou evidente pelo cuidado nas fantasias, nas plumas coloridas combinadas com ornamentos complexos. Na ala "Todo mundo nasceu nu", que saiu originalmente em 1990, três dinossauros invadiram a Sapucaí. Já em "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia", que foi visto pela primeira vez em 1989 e que causou polêmica na época por mostrar um Cristo Redendor como morador de rua, a nova interpretação trouxe um beija-flor em farrapos.
Veja o enredo da Beija-Flor
"Quem não Viu, Vai Ver as Fábulas do Beija-Flor"
Oh Deusa!
Tem festa no meu coração
Desfilo toda gratidão
Razão do meu cantar
A luz do meu viver
O que seria de mim sem você?
Nascido feito rei menino
Em ninho de amor e humildade
Meu Pai direcionou o meu destino
Voar nas asas da felicidade
E arrisquei um voo nesse lindo azul
Um mundo encantado pude recordar
Em fábulas bordei a fantasia
Ê saudade que mareja o meu olhar
Herdeiro dessa terra me tornei
Cantei nossos recantos, tradições
Sou eu aquele festival de prata
Que na pista arrebata tantos corações
Ôôô Axé que no sangue herdei
No meu quilombo, todo negro é rei
Abre a senzala!! Abre a senzala!!
Nesse terreiro o samba é a voz que não cala
Cresci, ouvindo acordes entre doces melodias
A bela dama retratada em poesia e o canto de cristal
A simplicidade no amor, aquele beijo na flor
Fez mais um sonho real
Pátria amada da ganância
Eu pedi socorro pelos filhos teus
Algoz da intolerância
Mesmo proibido, fui a voz de Deus
Toda essa grandeza, vem da nossa gente
Que esquece a dor e só quer sambar
É por esse amor
Quero meu valor me faz brilhar
Comunidade me ensinou
A ser apaixonado como eu sou
Ontem, hoje, sempre Beija-Flor
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