Brasil vence queda de braço com Japão e China por defesa de tubarões
Brasil e aliados conseguiram colocar tubarões e arraias na lista de animais cujo o comércio internacional será controlado. A decisão foi tomada na 16ª Conferência da Cites (Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção), que se encerrou nesta quinta-feira em Bangcoc.
As propostas apresentadas pelo Brasil defendendo cinco espécies de tubarão e duas de arraia foram aprovadas com dois terços dos votos na segunda-feira, mas Japão, China e aliados africanos tentaram reabrir o debate nesta quinta-feira numa queda de braço diplomática de último minuto.
O bloco dos opositores às restrições comerciais precisava conseguir um terço dos votos para retomar o assunto, mas todas as três tentativas foram derrubadas pela maioria em favor do controle do comércio de tubarões.
A inclusão das espécies na lista da convenção significa que exportações passam a ser restritas e condicionadas a certificados de sustentabilidade.
Entram para a lista de exportações controladas três espécies de tubarão martelo, o tubarão galha branca oceânico e o tubarão marracho; além das arraias manta oceânica e manta dos recifes.
"Nossa diplomacia foi vitoriosa. Tivemos 100% de aproveitamento", avaliou o chefe da delegação brasileira, Paulino Franco de Carvalho Neto, que articulou as propostas junto a Estados Unidos, União Europeia, Costa Rica, Equador, Honduras, Colômbia e outros.
Representantes da ONG brasileira Divers for Sharks, Paulo "Pinguim" Guilherme Cavalcanti e José Truda Palazzo Jr. comemoraram a decisão com palmas no plenário, mas esperavam uma postura mais agressiva do Brasil.
"Sem a pressão das ONGs, o governo brasileiro não teria se mexido. A temática ambiental é diplomacia ornamental", afirmou Palazzo.
"O Brasil copatrocinou a proposta e se mostrou um líder forte, desempenhando um grande papel", disse à BBC Brasil Elizabeth Wilson, diretora de proteção aos tubarões da ONG Pew Charitable Trusts.
Comércio
Apoiados pelas indústrias pesqueiras dos seus países, China e Japão lamentaram a mudança por razões econômicas. O chefe da delegação de Pequim afirmou em discurso no plenário que "a China está dedicada a combater o comércio ilegal. Mas será difícil, se não impossível, controlar o comércio de tubarões".
O país é o maior consumidor mundial de barbatana de tubarão, uma iguaria que é extremamente popular por estar associada à prosperidade.
De acordo com estimativas da ONG Sea Shepherd, a cada ano cem milhões de tubarões são mortos no mundo todo. O valor de venda de um animal oscila entre US$ 150 e US$ 300.
Somente em 2012 o Brasil exportou legalmente 39 toneladas de barbatanas de tubarão, somando US$ 1,7 milhão.
Estima-se que mundialmente sejam capturados anualmente de 1,3 milhão a 2,7 milhões de tubarões martelos (de 49,000 a 90,000 toneladas) para abastecer a demanda internacional por barbatanas.
Todos os 178 países participantes da Cites terão 18 meses para adotar as medidas de controle ao comércio das novas espécies.
A conferência discutiu regulações no comércio de espécies em perigo de extinção e os debates desse encontro incluíram mais de 70 espécies de fauna e flora, bem como aspectos técnicos de regulação comercial.
A próxima conferência deverá ocorrer em três anos na África do Sul.
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