Avaliação de Lula na área ambiental despenca após queimadas
Uma área equivalente ao território do estado do Paraná inteiro já pegou fogo neste ano no Brasil e há mais de cem incêndios ativos sem combate em curso. Enquanto isso, o governo federal tenta improvisar uma resposta política à emergência climática.
Além de anunciar mais de R$ 500 milhões e fazer reuniões com chefes dos Três Poderes e governadores, o governo Lula decidiu desengavetar uma promessa de campanha. A criação da autoridade climática, contudo, se sair, terá sido sem embasamento técnico, dotação orçamentária ou força política.
A avaliação está no episódio desta semana do podcast A Hora, do UOL.
A ideia foi originalmente proposta por Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, na eleição de 2022. Lula assentiu, mas o Congresso eleito em 2023 foi resistente e o plano foi para a gaveta.
Agora, diante do fogo, a proposta ressurge, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já sinalizou que, para aprová-la, o nome indicado precisará ter o respaldo dos deputados e senadores.
Portanto, nada indica que a autoridade climática a ser criada resultará de uma tomada de consciência e responsabilidade da agenda ambiental e de força política de Marina Silva.
A ministra, ao contrário, muitas vezes recorreu a Fernando Haddad, titular da Fazenda e alinhado a ela na agenda climática, para mostrar respaldo em Brasília. Mas Haddad possui um antagonista no governo: o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Costa não apenas diverge de Haddad na questão fiscal. Na questão ambiental também ele tem uma posição distinta, mais afinada com a visão histórica do PT —e de Lula— de desenvolvimentismo baseado na exploração de petróleo e combustíveis fósseis.
Em meio às queimadas, a avaliação de Lula na área ambiental sofre queda.
Em abril, a avaliação de Lula sobre meio ambiente está elas por elas: 33% achavam boa ou ótima e 33%, ruim ou péssima - segundo o Ipec (antigo Ibope). Aí vieram as queimadas históricas, a seca e o calor fora de hora, as nuvens de fumaça intoxicaram metade do Brasil e a opinião pública mudou.
Em setembro, o Ipec constatou que 44% acham a atuação do presidente ruim ou péssimo quando o tema é meio ambiente, e só 27% acham boa ou ótima. O empate de abril virou um déficit de 17 pontos.
A avaliação é ainda pior entre quem fez faculdade, entre moradores do Sudeste e do Norte/Centro-Oeste e nas grandes cidades e, como esperado, entre bolsonaristas. Mas mesmo entre eleitores de Lula, 19% acham que a atuação do presidente foi ruim ou péssima quando o assunto é meio ambiente.
Escute a íntegra do podcast A Hora
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A Hora é o novo podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube.
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