Amanda Cotrim

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8/1: Argentina recebe 35 pedidos de extradição; foragido zomba de Moraes

O Ministério de Relações Exteriores da Argentina recebeu 35 pedidos de extradição de militantes bolsonaristas condenados por envolvimento na tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023. O UOL revelou, em maio, que envolvidos nos ataques aos Três Poderes, em Brasília, fugiram para a Argentina.

Os pedidos encaminhados individualmente pelo STF (Supremo Tribunal Federal), via Itamaraty, chegaram ao governo de Javier Milei na sexta-feira (18).

Ontem (21), um dos alvos de pedido de extradição, desafiou em vídeo o ministro Alexandre de Moraes (STF): "Você não me pega" (veja mais abaixo).

Não se sabe se todos os 35 condenados pediram refúgio ao governo argentino. A Conare (Comissão Nacional de Refugiados), órgão subordinado à Secretaria de Interior — vinculada ao gabinete de Milei —, recebeu 181 pedidos de refúgio político de brasileiros até 30 de setembro.

As solicitações de refúgio coincidem com as fugas dos condenados e investigados por tentativa de golpe. Para efeito de comparação, em 2023, houve apenas três pedidos de refúgio.

A Casa Rosada, por meio do porta-voz Manuel Adorni, afirmou na sexta-feira (18) que "não tem resposta concreta para oferecer sobre os pedidos de extradição, porque ainda é muito recente, e que os pedidos estão sendo avaliados pelos órgãos competentes".

Não foi indicada qualquer data para responder aos pedidos de extradição.

Foragido desafia Moraes: "Você não me pega"

Em um vídeo gravado em frente à Força Aérea Argentina, em Córdoba, o motorista e piloto de motocicletas Wellington Firmino, que teve seu pedido de extradição emitido por Alexandre de Moraes, desdenha da Justiça brasileira e da ordem para extraditá-lo, que consta em sua ação penal.

No vídeo, que ele enviou ontem ao UOL, o motorista canta: "Alexandre de Moraes, eu tô aqui. Lero-lero. Você não me pega".

Firmino é um dos condenados por envolvimento nos ataques do dia 8 de janeiro. Ele tem mandado de prisão em aberto expedido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e, portanto, está foragido na Argentina. Em março, foi condenado a 17 anos de prisão.

Em 20 de setembro, ele negou ao UOL todos os crimes, disse que os preços dos alimentos na Argentina são altos e que estava com dificuldade de conseguir namorada.

Firmino disse que não fez parte de uma tentativa golpe de Estado. Segundo ele, sua ida a Brasília teve como objetivo pedir transparência nas eleições de 2022. Também afirmou que foi à capital federal na ocasião porque um decreto do presidente Lula (PT), de 1º de janeiro de 2023, impediu caçadores, atiradores e colecionadores de armas de usar seus armamentos fora dos clubes de tiro.

"Jamais me permitiria participar de um manifesto do jeito que aquilo [atos de 8 de janeiro] foi. Se de fato alguém queria um golpe de Estado ali, eu desconheço", disse Firmino.

Firmino disse ao UOL que um policial o procurou em sua casa em Sorocaba (SP), por volta de abril, com um mandado de prisão, mas ele não estava. Ele relatou que então pegou a moto e viajou até o Paraguai, pela fronteira com Foz do Iguaçu. De lá, seguiu para a Argentina. Segundo ele, a viagem foi ininterrupta: ele só parou para abastecer e, quando já estava em território paraguaio, para fazer um lanche.

Eu não tive nenhum descumprimento [das medidas cautelares, como a tornozeleira eletrônica]. Quando teve o meu mandado de prisão, não vi outra opção a não ser sair.
Wellington Firmino

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Ele vive atualmente na região de Córdoba, a 500 km da capital Buenos Aires. No Brasil, transportava de moto cargas sensíveis, como órgãos para transplantes e peças caras de indústrias. Ele trabalha hoje como transportador de produtos em geral e também atua como piloto de moto de aplicativo.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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