Andreza Matais

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Brasil ignorou pedidos de diálogo com oposição venezuelana, diz Corina

A oposição a Nicolás Maduro afirma que tentou contato com o governo brasileiro antes do pleito deste domingo para pedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrisse um diálogo com a oposição ao atual presidente.

Em nome da ex-candidata María Corina Machado, impedida pelo regime de registrar sua candidatura, o advogado brasileiro Fernando Tibúrcio, que atua nas causas de direitos humanos, disse à coluna ter buscado sem sucesso uma interlocução com o governo brasileiro para levar o apelo da oposição diante da perseguição de Maduro aos seus opositores.

Corina afirma que "é incompreensível que o Brasil diante de uma situação extrema como essa não sequer emite uma opinião oficial a respeito. Todos sabemos que o Brasil tem influência sobre Maduro". "Não posso crer que o governo Lula se mantenha calado", narrou listando casos de opositores desaparecidos. A ex-deputada, que pertence ao principal grupo de oposição, o Plataforma Democrática Unitária (PUD), não teve permissão para acessar o sistema de inscrição de candidaturas.

Tibúrcio disse à coluna que, "em nenhum momento foi aberto um canal de diálogo com a oposição venezuelana", o que coloca em dúvida "a real disposição do governo brasileiro de funcionar como uma espécie de garantidor do processo democrático na Venezuela".

As eleições ocorrem neste domingo, com grandes chances de vitória de Edmundo González Urrutia. Maduro, por sua vez, fala em "banho de sangue, em uma guerra civil fratricida" se ele não vencer. Único momento em que foi repreendido por Lula. O petista disse que Maduro deve aceitar o resultado das urnas e, como resposta, ouviu de Maduro que tomasse um "chá de camomila".

"Eu pessoalmente tentei nos últimos quatro meses, por meio de assessores e parlamentares que frequentam os círculos palacianos, que uma mensagem nesse sentido da candidata inabilitada pelo regime, María Corina Machado, chegasse às mãos do presidente Lula. Não sei se chegou. O fato é que nunca obtive uma resposta. A sensação que fiquei é a de que esse é um assunto incômodo", disse Tibúrcio.

O advogado ressaltou que a contrariedade de Lula com a fala de Maduro só ocorreu "aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo e num momento em que as pesquisas apontam a vitória por larga margem da oposição".

"Ao meu ver, uma forma de demonstrar que o silêncio do governo brasileiro foi quebrado seria o ex-chanceler Celso Amorim, que vai estar em Caracas no dia das eleições, se sentar para conversar com a oposição venezuelana, inclusive para demonstrar uma disposição firme de apoiar o processo de transição, caso Maduro saia derrotado. Ainda há tempo para ficar do lado certo da história", complementou.

A coluna apurou que o governo brasileiro não irá abrir conversas com a principal oposição para evitar provocar Maduro. Amorim iria conversar com parte da oposição, mas isso não inclui os partidários de Edmundo Urruita. A coluna não conseguiu contato com o ex-chanceler.

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As eleições são feitas em urna eletrônica com comprovante de papel e os resultados devem ser conhecidos até esta segunda-feira.

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