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OPINIÃO

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Doria proíbe ato Fora Bolsonaro e Boulos reage: "Ele não está acima da lei"

Ato pró-Bolsonaro e a favor do voto impresso na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 1º de agosto - José Dacau/UOL
Ato pró-Bolsonaro e a favor do voto impresso na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 1º de agosto Imagem: José Dacau/UOL

Colunista do UOL

26/08/2021 17h51

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Nem avenida Paulista, nem Vale do Anhangabaú: a Campanha Nacional "Fora Bolsonaro" foi proibida pela PM do governo João Doria de fazer manifestações no dia 7 de Setembro, em qualquer lugar do estado de São Paulo.

"Nós vamos entrar na Justiça. Vamos até o Supremo, se necessário. Doria não é dono de São Paulo, não está acima da lei. Não dá para aceitar isso. A Constituição nos garante a livre manifestação", reagiu Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), um dos líderes da campanha contra Bolsonaro. .

A Polícia Militar decidiu que só poderão ser feitos atos de movimentos a favor de Bolsonaro no Dia da Independência, alegando que eles pediram antes para se manifestar na Paulista, e é preciso respeitar a alternância do uso da avenida, determinada pela Justiça.

Diante do impasse, a oposição a Bolsonaro, formada por um fórum de partidos, centrais sindicais e movimentos sociais, decidiu transferir sua manifestação para o Vale do Anhangabaú, que foi recentemente privatizada pela prefeitura.

Lá também bateram com a cara na porta porque a gestão Ricardo Nunes já tinha recebido instruções da Secretaria de Segurança Pública de que não poderiam ser realizadas manifestações rivais em nenhum lugar na mesma data.

Doria e sua Polícia Militar, sem combinar com os interessados, resolveram transferir a marcha da oposição para o dia 12 de setembro, a mesma data já reservada para a chamada "direita democrática", liderada pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e partidos da terceira via que também querem protestar contra Bolsonaro.

Seria mais ou menos igual a reunir no mesmo ato as torcidas do Corinthians e do Palmeiras para acabar com as brigas nos estádios.

O secretário de Segurança Pública em exercício, coronel PM Álvaro Batista Camilo, diz que seria melhor fazer essas manifestações da esquerda e da direita no mesmo dia, porque "ganhariam até mais vulto, já que o objetivo é comum".

O problema de Doria é achar que só ele é esperto. Como a terceira via não tem experiência nem força popular para fazer uma grande manifestação, ele e outros nomes da terceira via poderiam pegar uma carona no movimento "Fora Bolsonaro", que já fez quatro grandes mobilizações desde março.

Raimundo Bonfim, coordenador da Central dos Movimentos Populares e um dos líderes do "Fora Bolsonaro", diz que Doria "faz jogo político" e defendeu o direito à livre manifestação garantida pela Constituição.

Na longa discussão dos últimos dias sobre quem teria direito a usar a avenida Paulista no dia 7, ninguém apresentou um ofício, um documento, o que seja, para atestar que a turma do "Fica Bolsonaro" fez o pedido antes. A Polícia Militar simplesmente decidiu assim, e assim será feito.

Fotos do arquivo do UOL mostram que a última manifestação do "Fora Bolsonaro" na Paulista foi no dia 24 de julho; bolsonaristas ocuparam a avenida pela última vez no dia 1º de agosto. Não procede a alegação da Polícia Militar.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, o governador João Doria não quis saber de conversa: "A Secretaria de Segurança Pública vetará a utilização de qualquer área, não só na capital, mas também em todo o estado de São Paulo".

Um dos motivos alegados para essa decisão é que a Polícia Militar não tem condições operacionais para dar segurança a dois eventos, em locais próximos, no mesmo dia.

Resta saber, de qual ato participarão os policiais militares que estarão de folga no dia 7 ou no dia 12. A depender da convocação que vem sendo feita por seus superiores nas redes sociais, eles deverão estar na avenida Paulista, fazendo companhia aos batalhões em serviço, numa grande confraternização.

Só não entendo a preocupação demonstrada por Doria com a possível participação de milicianos armados no dia 7. Para quê? Vão atirar uns nos outros, já que não haverá inimigos por perto?

Bolsonaro já anunciou hoje que fará um longo discurso na avenida Paulista "para mostrar ao mundo a foto daquilo que o povo quer".

Os organizadores dos protestos a favor do presidente em São Paulo e em Brasília falam em colocar milhões de pessoas nas ruas das duas cidades.

Eu não duvido. É frenética a mobilização nas redes sociais bolsonaristas, há várias semanas, como se estivessem se preparando para uma guerra, com carros de som, caravanas de ônibus e caminhões.

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