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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Fachin rebate Bolsonaro e diz haver 'inaceitável negacionismo eleitoral'

Montagem Fachin e Bolsonaro - Isac Nóbrega/PR e reprodução/Youtube
Montagem Fachin e Bolsonaro Imagem: Isac Nóbrega/PR e reprodução/Youtube

e Paulo Roberto Netto, do UOL, em Brasília

18/07/2022 18h33Atualizada em 18/07/2022 18h50

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Logo após a reunião do presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, com novos ataques às urnas, ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, reagiu e falou que "há inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade pública importante dentro de um país democrático".

"É muito grave acusação de fraude, acusação de má-fé a uma instituição mais uma vez sem apresentar prova alguma", afirmou o ministro, que não citou nominalmente Bolsonaro, mas lembrou a reunião que aconteceu nesta tarde em Brasília.

Fachin deu as declarações no evento de lançamento da campanha de Enfrentamento à desinformação pela seccional do Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil.

Segundo o ministro do TSE, as desinformações que estão sendo veiculadas só interessam a quem não interessa provas e fatos. "Creio que precisamos nos unir e não aceitar sem questionar a razão ade ataques institucionais e também ataques pessoais", disse.

O ministro disse ainda que a Corte eleitoral sempre esteve aberta ao diálogo, citou a gestão do ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e afirmou que o próximo presidente, Alexandre de Moraes, também vai se pautar pelo diálogo.

"Não contra-atacamos ninguém", disse, ponderando que os ministros rejeitam "a falta de compromisso com a verdade". Segundo ele, o intuito do TSE é sempre "informar ao eleitorado."

Fachin afirmou ainda que o TSE admite críticas e aprimoramentos ao sistema, mas salientou que "intervenção na Justiça Eleitoral, jamais".

Tentativa de 'diluir a República'

Fachin disse que o debate em torno das eleições "tem sido achatado por narrativas nocivas, que tencionam o espaço social projetando uma teia de rumores descabidos que buscam, sem muito disfarce, diluir a própria República e a constitucionalidade".

Segundo o ministro, o atual momento brasileiro é "marcado pela naturalização do abuso da linguagem e pela falta de compromisso cívico em que se deturpam sistematicamente fatos consolidados".

Fachin afirmou que atitudes de desinformação semeiam "a antidemocracia pretensamente justificada por um estado de coisas inventado". "Ancorado em pseudo representações de elementos que afrontam a toda evidência a seriedade do sistema da justiça e a alta integridade dos pleitos nacionais", afirmou.

Ao falar sobre a reunião de Bolsonaro com embaixadores, novamente sem citar nominalmente Bolsonaro, Fachin afirmou que "criam-se nesse caminho da desinformação encenações interligadas, como aliás, está a assistir hoje o próprio país".

"É um desses Eventos órfãos de embasamento técnico, pobres em substancias argumentativas e que violam as bases históricas do contrato social da comunicação. E violam as premissas manifestas da legalidade constitucional", afirmou. "Essa é a manipulação que estamos todos a enfrentar".

TSE rebate ponto a ponto

Assim que acabou o evento de Bolsonaro com embaixadores, o TSE divulgou uma nota rebatendo as 20 alegações feitas pelo presidente Bolsonaro no Palácio da Alvorada.

Segundo o tribunal, diversos conteúdos foram produzidos sobre temas abordados pelo presidente na reunião com os embaixadores, como checagens e notas elaboradas pela própria Corte. O TSE lista 20 alegações de Bolsonaro que já teriam sido rebatidas desde o ano passado.

Uma delas é a de que supostos hackers ficaram por meses "dentro do computador do TSE". O que o TSE diz que não é verdade. Outra declaração apontada como falsa trata da possibilidade de hackers alterarem ou excluir nomes de candidatos.