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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Investigação de ex-assessor de Bolsonaro pesou para Lula demitir comandante

Do UOL, em Brasília

21/01/2023 17h37Atualizada em 21/01/2023 19h23

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Por mais que auxiliares dos dois lados digam que querem reconstruir pontes, a situação entre o presidente Lula e os militares ganhou um capítulo importante neste sábado (21).

Pela manhã, o então comandante do Exército, Júlio César de Arruda, convocou uma reunião do Alto Comando para o meio-dia. Por vídeo-conferência, os generais que integram a cúpula do Exército ouviram Arruda relatar "a situação do momento".

Apesar de os generais evitarem falar mais sobre a conversa, no lado do Palácio do Planalto a justificativa para a decisão de Lula neste sábado se dá por uma série de fatores, mas teve uma espécie de gota d'água.

Além da falta de confiança de Lula em relação ao general Arruda, fontes militares do novo governo afirmam que o presidente ficou incomodado com a situação do antigo ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, que assumiria, nos próximos dias, o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.

Segundo um auxiliar de Lula, o ex-assessor de Bolsonaro "está subjúdice" por contas das investigações que avançam contra o militar.

A nomeação de Cid para o posto já estava decidida desde maio do ano passado quando foi publicada a designação dele e de todos os outros comandantes nomeados para o biênio 2023-24.

Lula teria pedido para que Arruda não deixasse Cid assumir o batalhão, mas o então comandante teria mostrado resistência. É atribuição do comandante da força fazer as designações internas.

Agora, a expectativa no governo é que o novo comandante do Exército troque o posto do ex-auxiliar de Bolsonaro.

Desgaste com os acampamentos no QG

Outra decisão de Arruda que irritou o presidente Lula foi evitar que o acampamento em frente ao Quartel-General, em Brasília, fosse desmontado na noite do dia 8 de janeiro, após os ataques aos prédios do Planalto, Congresso e Supremo.

Em uma reunião naquela noite, Arruda foi contra a medida e enfrentou uma orientação do ministro da Justiça, Flávio Dino. Um dos argumentos usados por Arruda na ocasião foi de que tentar remover as pessoas as pessoas naquele momento geraria "um banho de sangue".

A decisão de Arruda teve respaldo de outros generais do Alto Comando.