Lewandowski deve levar ex-secretário-geral do STF para ser seu número 2
Oficializado hoje pelo presidente Lula como futuro ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski deve levar para assumir a secretaria-executiva da pasta um antigo auxiliar de confiança: o ex-secretário-geral do STF (Supremo Tribunal Federal) Manoel Carlos de Almeida Neto.
Segundo apurou a coluna, nas negociações com o presidente Lula para aceitar o convite para compor a Esplanada, Lewandowski falou da importância de ter um time de sua confiança e citou o nome do seu antigo auxiliar.
No anúncio de hoje, Lula afirmou que tem "por hábito não indicar ninguém para nenhum ministério".
Eu quero que as pessoas montem o time que ele vai jogar. Eu, se fosse técnico de futebol, eu não permitiria que o presidente do meu time, por mais importante que fosse, fosse escalar o meu time. O meu time sou eu que escalo. Se eu perder, me tirem, se eu ganhar, eu continuo.
Lula sobre a liberdade de Lewandowski escolher sua equipe
Caso a escolha de Manoel Carlos se concretize, ele vai assumir o lugar de Ricardo Cappelli, que tinha a expectativa de conseguir se manter no cargo ou até mesmo virar ministro.
Com a oficialização de Lewandowski, Cappelli anunciou que sairá de férias, mas nos bastidores já declarou que não aceitará ser rebaixado e não deve continuar na pasta sob o comando do novo ministro.
Ministro trabalhou por aliado no STF
Manoel Carlos é um dos aliados mais próximos de Lewandowski e assumiu a secretaria-geral do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral durante a presidência do ex-ministro nas duas Cortes. Hoje, é diretor jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional.
No ano passado, foi o nome defendido por Lewandowski para sucedê-lo no STF, a contragosto de outros ministros, que afirmavam nos bastidores não verem cacife suficiente do advogado para assumir o posto. A vaga acabou com Cristiano Zanin, advogado de Lula na Lava Jato.
Durante a disputa, Manoel dizia a interlocutores que, se fosse escolhido ao Supremo, daria continuidade ao trabalho feito por Lewandowski. O ministro foi conhecido por ter um perfil garantista e pouco suscetível à opinião pública.
Ele também afirmava a pessoas próximas que, se não fosse escolhido ao STF, não iria tentar outras nomeações para a Corte —no fim de 2023, abriu a vaga de Rosa Weber, que será ocupada por Flávio Dino.
Ao falar de suas credenciais, Manoel citava o livro que escreveu ("O Colapso das Constituições do Brasil: Uma Reflexão pela Democracia"). Na obra, ele afirma que é preciso atenção com "movimentos autoritários" que buscam desacreditar as instituições.
"É imprescindível permanente atenção para identificar os movimentos autoritários que sempre andaram pelas ruas do Brasil que, camuflados em bandeiras clássicas do conservadorismo, em proteção da ordem, moralidade, segurança, liberdade, propriedade e família, subvertem esses preciosos anseios sociais para assaltar a soberania popular, reprimir os direitos civis e políticos e subordinar o Legislativo e o Judiciário à hegemonia do Executivo", apontou no livro.
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