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Com virada e 'renegados', lulistas lideram em todos os governos no Nordeste
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Todos os governadores eleitos em primeiro turno ou que ficaram em primeiro lugar nas votações nos nove estados do Nordeste apoiaram o ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT). Quatro deles venceram em primeiro turno e cinco ficaram na frente ontem, mas vão ter de disputar o segundo turno no dia 30 de outubro.
As vitórias, algumas delas com viradas que não foram percebidas pelos institutos de pesquisa, coroam a histórica boa votação do ex-presidente na região.
Rafael Fonteles, por exemplo, era segundo colocado em todas as pesquisas Ipec, mas levou o governo em primeiro turno, com 57% dos votos válidos no Piauí. Jerônimo Rodrigues (PT), na Bahia, também sempre apareceu na segunda colocação nos levantamentos, mas assumiu a ponta e abriu quase dez pontos de diferença contra ACM Neto (União Brasil).
Entretanto, em dois lugares, pode-se dizer que Lula "perdeu" a eleição, já que os nomes para os quais ele pediu votos não chegaram ao segundo turno: Danilo Cabral (PSB), em Pernambuco, e Veneziano Vital do Rêgo (MDB), na Paraíba.
Contudo, nesses dois estados, os candidatos que fecharam na primeira colocação pediram votos para Lula e já fizeram discursos se alinhando ao petista para a disputa do segundo turno: Marília Arraes (Solidariedade), em Pernambuco, e o governador João Azevêdo (PSB), na Paraíba.
"Sempre estive com ele e estarei com ele nesse momento crucial da democracia brasileira, junto com ele aqui em Pernambuco", disse Marília.
"Eu não tenho dúvida nenhuma de que Lula e o PT têm potencial de agregar e podem, sim, estar conosco nesse segundo turno", afirmou João.
Veja os aliados de Lula (em negrito, os que votam em Lula e estão no 2º turno):
Alagoas - Paulo Dantas (MDB) x Rodrigo Cunha (União Brasil)
Bahia - Jerônimo (PT) x ACM Neto (União Brasil)
Ceará - Elmano de Freitas (PT)
Maranhão - Carlos Brandão (PSB)
Paraíba - João Azevêdo (PSB) x Pedro Cunha Lima (PSDB)
Pernambuco - Marília Arraes (Solidariedade) x Raquel Lyra (PSDB)
Piauí - Rafael Fonteles (PT)
Rio Grande do Norte - Fátima Bezerra (PT)
Sergipe - Rogério Carvalho (PT) x Fabio (PSD)
PT e sua força na região
Historicamente, o PT e o lulismo vêm crescendo nas eleições estaduais da região. Em 2002, quando o país elegeu Lula como presidente pela primeira vez, o partido fez apenas um governador (Wellington Dias, no Piauí) e seus candidatos e apoiadores perderam em todos os outros oito estados.
Quatro anos mais tarde, começava o salto petista na região: o partido melhorou seu resultado, com três governadores eleitos, inclusive na Bahia, o maior colégio eleitoral da região, com a vitória de Jaques Wagner. Outros dois aliados venceram.
Em 2010, mais uma alta: apesar de vencer como "cabeça" de chapa em apenas dois estados, o PT saiu vitorioso por coligações em outros quatro estados, integrando seis governos favoráveis.
Em 2014, uma repetição: foram três governadores eleitos e três aliados vencedores.
Na última eleição, o sucesso foi total: com as vitórias no segundo turno de Belivaldo Chagas (em Sergipe) e Fátima Bezerra, PT e aliados venceram nos nove estados do Nordeste.
Senado com revezes
Entretanto, o cenário foi diferente na disputa para o Senado, em que três de seus candidatos apoiados perderam a eleição na região: Ricardo Coutinho (PT), na Paraíba; Valadares Filho (PSB), em Sergipe; e Carlos Eduardo (PDT), no Rio Grande do Norte.
Um fato importante foi a vitória de quatro ex-governadores, que renunciaram entre março e abril para concorrer à disputa apoiando Lula.
Foram eleitos senadores neste domingo no Nordeste (em negrito os apoiados por Lula):
- Alagoas - Renan Filho (MDB)
- Bahia - Otto Alencar (PSD)
- Ceará - Camilo Santana (PT)
- Maranhão - Flávio Dino (PSB)
- Paraíba - Efraim Filho (União Brasil)
- Pernambuco - Teresa Leitão (PT)
- Rio Grande do Norte - Rogério Marinho (PL)
- Sergipe - Laércio (PP)
- Piauí - Wellington Dias (PT)
Força histórica, diz cientista
Para o cientista político Ranulfo Paranhos, da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), o Nordeste mostrou com os resultados de hoje que tem sido cada vez mais a região em que Lula e aliados se saem melhores no país.
"E aí não é só que o Lula quem lidera, mas os aliados dele também. E isso ocorre também porque, no Nordeste, Jair Bolsonaro não consegue avançar de jeito nenhum; as intenções de voto são muito mais favoráveis ao PT", diz.
Ele afirma que as derrotas de apoiados por Lula em Pernambuco e Paraíba não devem ser consideradas como um prejuízo tão grande porque os apoiadores de Lula que estão no segundo turno podem ajudar o ex-presidente a ser eleito em 30 de outubro.
"Um fato importante é que essa rede de candidatos não é formada necessariamente por nomes do PT, mas são aliados de outros partidos e que deverão compor uma base importante para o governo, caso Lula vença", afirma.
Em Pernambuco, por exemplo, houve uma compreensão de que Marília, apesar de não ter Lula em seu palanque, se colocou pedindo voto para ele. E o próprio PT não assumiu postura combativa, e ela foi tratada como uma opositora que estava ali muito próxima."
Ranulfo Paranhos, da Ufal
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