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Collor perde, e nomes apoiados por Renan e Lira vão ao 2º turno em Alagoas

Paulo Dantas (MDB) e Rodrigo Cunha (União Brasil) farão o segundo turno em Alagoas - Divulgação/Arte UOL
Paulo Dantas (MDB) e Rodrigo Cunha (União Brasil) farão o segundo turno em Alagoas Imagem: Divulgação/Arte UOL

Colunista do UOL

02/10/2022 21h59Atualizada em 02/10/2022 23h51

A eleição para o governo de Alagoas será decidida no segundo turno. Os dois candidatos mais votados, o governador Paulo Dantas (MDB) e o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), vão travar um duelo que expõe a nova rivalidade dos dois maiores grupos locais, comandados pela família Calheiros e pelo deputado federal Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara.

Com o resultado de hoje, o ex-presidente Fernando Collor (PTB) vai ficar sem cargo na política em 2023, já que ele caiu fora da disputa e termina seu segundo mandato no Senado.

Desde que retomou os direitos políticos, após o impeachment de 1992, ele chegou à sua quarta tentativa frustrada de se eleger governador, sem nunca ter passado para o segundo turno.

Em 2002, foi derrotado pelo então governador Ronaldo Lessa (hoje no PDT) em uma eleição em apenas um turno. Em 2010, ele também caiu ainda no primeiro turno, e o segundo foi disputado por Ronaldo Lessa e Teotônio Vilela (PSDB).

Já em 2018, ele renunciou à disputa ao governo a pouco menos de um mês da eleição, alegando falta de apoio político e financeiro.

Disputa intensa

Paulo Dantas teve 708.984 votos (46,64% do total), e Cunha, 407.220 (26,79%). Collor teve 223.585 (14,71%) e terminou a disputa na terceira colocação.

Agora no segundo turno, Dantas e Cunha devem travar uma campanha focada em troca de acusações.

No primeiro turno, Cunha fez vários ataques a Dantas, como uso da máquina pública e de comprar votos por meio da entrega de cestas básicas. Em junho, o governo distribuiu 110 mil cestas a famílias pobres do estado.

Dantas, por sua vez, classificou Cunha como um "agente da fome" ao alegar que a suspensão da distribuição iria causar ainda mais problemas ao estado, que tem o maior percentual de pessoas passando fome no país, segundo dados da Vigisan (Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil). Ele também diz que o senador nada fez em seus quatro primeiros anos de mandato.

O episódio mais marcante da campanha foi o depoimento dado pelo pai de Paulo, o ex-deputado Luiz Dantas, acusando o filho de participação de um esquema de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa. A fala foi gravada pela campanha de Rodrigo Cunha.

Além disso, Luiz afirmou que o filho não tinha capacidade nem maturidade para governar o estado: "Não quero que os alagoanos sejam traídos como eu fui".

Em contraponto, Paulo foi ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e conseguiu direitos de resposta no horário do concorrente, negou ser investigado sobre casos de corrupção e chamou Cunha de "vergonha da política alagoana". "Sou ficha limpa. Ele quer destruir uma família", afirmou.

Quem é quem

Paulo Dantas é produtor rural e era deputado estadual desde 2018, até virar governador do estado em maio, após uma eleição tampão na Assembleia Legislativa para os sete meses finais do mandato.

A votação indireta ocorreu porque Renan Filho (MDB) renunciou para disputar a vaga do estado ao Senado, e o vice eleito naquela chapa, Luciano Barbosa (sem partido), já havia renunciado antes, para ser prefeito de Arapiraca.

Ex-prefeito de Batalha entre 2005 e 2011, Dantas conta com apoios importantes na sua campanha, em especial da família Calheiros e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a vir a Maceió em junho, em ato de pré-campanha que lotou o Centro de Convenções.

Já o advogado Rodrigo Cunha integra o polo mais forte de oposição à família Calheiros em Alagoas. Nesta eleição, conta com apoio do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PSB); e de Arthur Lira — a vice, Jó Pereira (PSDB), é prima de Lira.

Durante todo o primeiro turno, Cunha manteve-se distante da eleição presidencial, sempre adotando um discurso de que iria dialogar com qualquer presidente que fosse eleito.

Antes de ser senador eleito com mais votos no estado em 2018, o candidato exerceu o cargo de deputado estadual por um mandato (2015-2019).