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Marília Arraes e Raquel Lyra farão 2° turno inédito entre mulheres em PE

Marília Arraes (SD) e Raquel Lyra (PSDB) fazem o segundo turno em Pernambuco - Diivulgação/Arte UOL
Marília Arraes (SD) e Raquel Lyra (PSDB) fazem o segundo turno em Pernambuco Imagem: Diivulgação/Arte UOL

Carlos Madeiro

Colunista do UOL

02/10/2022 21h57

A deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB), ex-prefeita de Caruaru, disputarão um segundo turno inédito no país, com duas mulheres na disputa pelo governo de Pernambuco. Marília teve 1.175.530 votos (23,97% do total), e Raquel, 1.009.538 (20,58%).

Na votação deste domingo (2), com a queda de Danilo Cabral, o PSB soube que este será seu último ano de governo, após outros 15 de poder em Pernambuco. A era socialista teve início em 2006, com eleição de Eduardo Campos, e segue até hoje com o governador Paulo Câmara.

As duas candidatas que vão ao segundo turno são de família tradicional e que ocuparam o poder na era do PSB.

No domingo, o empresário Fernando Lucena, marido de Raquel Lyra, morreu de mal súbito no apartamento do casal no bairro Maurício de Nassau, em Caruaru (PE). A candidata votou na parte da manhã e seguiu para o velório e sepultamento do marido à tarde.

Quem é Marília Arraes

Marília é neta do ex-governador Miguel Arraes e prima do ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em agosto de 2014. Entre 2007 e 2008 ela chegou a ser Secretária de Juventude e Emprego de Pernambuco no governo de Campos.

Em 2016, após o PSB apoiar o impeachment de Dilma Rousseff, ela foi para o PT, mas deixou o partido em março deste ano. A saída rachou a base da chamada frente popular apoiada por Lula no estado. Muitos nomes que estavam ligados ao governo estadual do PSB passaram a apoiar na disputa estadual.

Em 2020, Marília foi a candidata do PT à prefeitura do Recife, chegou ao segundo turno contra seu primo João Campos, mas acabou derrotada. A campanha na capital pernambucana ficou marcada pelo forte uso do antipetismo contra Marília.

Mesmo fora do PT e sem a recíproca, Marília fez uma campanha usando a imagem e pedindo votos para Lula, que apoiou Danilo Cabral. O uso da imagem de Lula foi questionado por PT e PSB em Pernambuco. A Justiça chegou a impedir que ela usasse símbolos petistas em seus atos.

Líder das pesquisas desde o lançamento de sua pré-candidatura, no primeiro turno ela foi alvo principal dos adversários e preferiu não ir aos debates.

Com a chegada no segundo turno sem o PSB, Marília espera agora contar com o apoio formal do ex-presidente Lula para alavancar sua reta final de campanha.

Quando esteve em Pernambuco, em julho, Lula defendeu enfaticamente o voto em Danilo, mas não fez ataques a Marília: "Eu separo relação pessoal de política", disse em Garanhuns, citando que estava cumprindo o acordo com PSB.

Quem é Raquel Lyra

Raquel Lyra chegou ao segundo turno como uma surpresa, após uma intensa disputa pela segunda vaga. Até a semana final da campanha, quatro nomes dividiam a segunda colocação com um empate técnico em todas as pesquisas de intenção de voto.

Além de ter governado Caruaru por cinco anos (renunciou em março), Raquel Lyra é ex-delegada da PF (Polícia Federal), ex-procuradora do estado e ex-deputada estadual.

O sobrenome dela também é conhecido no estado: seu pai foi vice de Campos e assumiu o governo do estado em 2014, quando Eduardo renunciou ao mandato para disputar a Presidência da República. Em 2011, ela foi secretária da Criança e da Juventude de Eduardo Campos.

Raquel fez uma campanha descolada da eleição presidencial, mas chegou a receber e participar do ato de campanha Simone Tebet em Pernambuco.

Ela espera contar com apoio dos demais principais candidatos ao governo do estado que ficaram fora do segundo turno, como Anderson Ferreira (PL), Miguel Coelho (União Brasil) e Danilo Cabral.