Em 2 cidades de AL, todos os candidatos a prefeito e vereador são do MDB

Sem concorrentes, ambos tiveram doações relativamente modestas para suas campanhas: cada um recebeu R$ 100 mil do MDB nacional, valor abaixo do das cidades onde emedebistas têm oposição.

Outros dois municípios alagoanos também só têm um candidato a prefeito —em Cacimbinhas e Branquinha, porém, há mais partidos disputando as vagas de vereador.

Em Jaramataia, MDB foi de nenhum a todos os vereadores

Em Jaramataia, no sertão, Ricardo Paranhos tem como vice Zé Eliomar. O político é uma exceção nos dois municípios: não é filiado ao MDB, mas a um partido aliado, o PSD, que integra, por exemplo, o governo do estado.

Paranhos antes foi do PSDB e foi eleito prefeito, em 2012, pelo PPS. Quatro anos depois, já no MDB, perdeu a disputa à reeleição para Jefferson Barreto, então no PSB. Em 2020, Paranhos deu o troco e bateu Barreto.

Apesar de todos os vereadores hoje serem do MDB, nenhum era do partido na última eleição. Todos —cinco do Pros e quatro do PSB— migraram para o partido de Renan após eleitos.

Uma fonte revelou ao UOL que já existe um trato: o primeiro colocado na votação para vereador será presidente da Câmara. Além disso, como há dez candidatos para nove vagas, um dos eleitos vai assumir uma secretaria na prefeitura, para que o 10º colocado assuma a vaga no Legislativo. O acordo é para ninguém ser deixado, disse a fonte.

Em Mar Vermelho, não há exceção

Já em Mar Vermelho, cidade da zona da mata conhecida como a Suíça alagoana, André Almeida tem como vice Herminho, também do MDB.

Almeida já foi filiado ao PRB e ao PSD. Em 2020, disputou sua primeira eleição pelo MDB e venceu Mano Tatajuba (PP).

Naquela eleição, o partido de Renan elegeu fez cinco vereadores. O PP elegeu outros quatro, mas todos migraram para o MDB e são candidatos à reeleição.

MDB forte em Alagoas

Para o cientista político e professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) Ranulfo Paranhos, o MDB atingiu um nível de força política no estado que faz com que alcance o patamar de não precisar se articular para concorrer.

O MDB se organizou enquanto partido orgânico, com um projeto de longo prazo. Ele tem um leque muito grande, com mais de 50% das prefeituras. Apesar do personalismo de Renan Calheiros, o que se percebe é que é um projeto de partido
Ranulfo Paranhos, professor da Ufal

O MDB tem hoje 68 dos 102 prefeitos do estado, além do governador Paulo Dantas, de 14 dos 27 deputados estaduais, de dois dos nove deputados federais alagoanos e de dois dos três senadores. No estado, este ano, são 85 candidatos lançados.

Para Paranhos, o maior concorrente ao projeto emedebista no estado é o PP, comandado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, mas o partido não está nem perto de alcançar o MDB e encontra dificuldade em capilarizar sua influência.

É outra forma de se conduzir partido, porque é um projeto com muito mais força familiar, com muito mais força do sobrenome. O Arthur Lira tem nomes da família que são candidatos, como o pai, que é prefeito.
Ranulfo Paranhos

Apesar de o MDB vencer no interior, em Maceió, o PP deve levar a melhor, já que o prefeito e aliado de Lira JHC (PL) lidera com 74% das intenções de voto. O deputado federal Rafael Brito (MDB) e Lobão (Solidariedade) aparecem empatados em segundo lugar, com 4%, segundo pesquisa Quaest de 29 de agosto.