Candidato em AL, filho de Pedro Collor quer 'seguir legado' do tio Fernando
O empresário Fernando Collor (PSB) é um dos candidatos a vereador em Maceió em 2024. No caso, não se trata do ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, mas do sobrinho dele, Fernando Affonso Lyra Collor de Mello, filho de Thereza e Pedro Collor (que morreu vítima de câncer em 1994).
Ele volta a disputar um cargo eletivo 12 anos após sua primeira —e única— eleição até aqui. Para o nome escolhido para a urna, ele usa Fernando Collor. Nas redes sociais, as postagens iniciais fixadas são da foto com o tio. Há ainda publicações com fotos e admiração ao ex-presidente.
O candidato afirma que a escolha do nome político veio porque sempre foi conhecido como Fernando Collor. "É um nome que carrega história e propósito. Meu tio, Fernando Collor, sempre foi uma inspiração", diz.
Mas na disputa anterior, em 2012, ele usou o nome Fernando Lyra. Não deu sorte. Ele disputou a vaga de vice-prefeito de Atalaia pelo PSD na chapa encabeçada por Zé do Pedrinho (PSD). Na ocasião, enfrentou um candidato apoiado pelo tio, o Professor Mano (PTB, partido de Collor na ocasião).
Aos 28 anos à época, perdeu a disputa, mas acabou assumindo o cargo de vice dois anos depois da cassação do prefeito que venceu a eleição.
Desde então, Fernando Lyra Collor, 40, não tinha sido mais candidato a cargo eletivo e diz que se dedicava a uma vida empresarial.
Ele afirma que a escolha do nome político veio porque sempre foi conhecido como Fernando Collor". "É um nome que carrega história e propósito. Meu tio, Fernando Collor, sempre foi uma inspiração", diz.
Cadastro eleitoral de 2012:
Cadastro eleitoral de 2024:
Afastei-me [da política] para empreender e abri uma faculdade de direito e enfermagem [que não consta em sua declaração eleitoral] em Santana do Ipanema [no sertão alagoano]. Agora, sinto que é o momento certo de retornar.
Fernando Lyra Collor
Em abril, Fernando Lyra se filiou ao PSB. Na convenção que oficializou sua candidatura e o apoio do partido a Rafael Brito (MDB), tirou foto com o governador Paulo Dantas (MDB).
Histórico de rixa da família
A união dos Fernandos reverte uma história de rixa que marcou os irmãos Pedro e Fernando Collor e culminou no impeachment do então presidente em 1992. O pivô da saída de Collor da presidência foi uma entrevista explosiva de Pedro à revista Veja.
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OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberNa fala, ele revelou detalhes sobre um esquema de corrupção e tráfico de influência envolvendo Fernando e seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias.
As acusações incluíam a existência de contas bancárias no exterior e a movimentação de grandes somas de dinheiro de origem duvidosa.
As declarações impulsionaram as investigações contra o presidente, que foi alvo de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que reuniu provas e, somada à pressão popular, levou à abertura do processo de impeachment.
Em 2012, também em entrevista ao UOL, ele disse que o Pedro é "um herói, um guerreiro" e disse que o tio não havia o procurado para política.
Poucas pessoas teriam coragem de fazer o que ele fez. Ele era uma pessoa que queria mudança, que queria justiça", disse, citando ainda que pela idade (oito anos à época) era mantido afastado da disputa familiar.
Fernando Lyra Collor, em 2012
Reconciliação dois anos depois
Mas os tempos mudaram, e em 2014 os Fernandos já estavam juntos de novo, com o sobrinho apoiando o tio na disputa (vitoriosa) do tio à reeleição ao Senado.
Em conversa com a coluna, Fernando Collor (o sobrinho) disse que o histórico de desavenças familiar são águas passadas.
Quanto ao passado, não guardamos [eu e minha mãe] ressentimentos. Essa questão familiar com meu tio e o meu pai faz parte de uma história que ficou para trás. Hoje, estamos unidos pelo mesmo desejo: fazer o melhor para nossa cidade.
Fernando Lyra Collor
A coluna procurou a assessoria de Fernando Collor (o tio) para saber se ele apoia e fará campanha para o sobrinho, mas não obteve resposta. Na página dele nas redes sociais não há foto, nem citações ao sobrinho candidato.
Fernando diz acreditar que quer "seguir o legado" deixado pelo tio, com "novas ideias, projetos e a determinação de ver Maceió crescer de maneira justa e inclusiva."
O tio Fernando foi prefeito de Maceió entre 1979 e 1982. Após perder a disputa para governador em 2022, Collor ficou sem cargo público pela primeira vez desde 2007.
Quando decidi me candidatar, ele me deu um conselho que guardo com muito carinho: siga seus valores e o que vem do seu coração, e traga a renovação que a política precisa.
Fernando Lyra Collor
Outras referências
Além do tio, ele também cita o avô, o empresário e ex-deputado federal João Lyra, que morreu em 2021 vítima de complicações da covid-19.
O contato direto com as pessoas, ouvir suas histórias e lutar por elas é algo que sempre me moveu. Desde pequeno, meu avô João Lyra acreditava que eu faria a diferença, e isso sempre foi um norte em minha vida.
Fernando Lyra Collor
A sua mãe, Thereza, também é lembrada e citada como "minha maior referência, minha fonte de força e integridade." Ele cita o trabalho que ela fez como secretária de Turismo de Alagoas: "deixou um legado que me inspira, e meu desejo é seguir seus passos".
Ela foi a primeira a me apoiar, e mesmo quando não pode estar ao meu lado fisicamente, está sempre me aconselhando e me acompanhando em cada passo.
Fernando Lyra Collor
Thereza, por sinal, tem ação na justiça pedindo para retirar o nome do espólio do marido da OAM (Organização Arnon de Mello), que está em processo recuperação judicial investigado pela polícia e tem dívidas e enfrenta processos que estão alcançando bens pessoais dos sócios. Fernando Collor (o tio) é o maior acionista do grupo.
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