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Bolsonaro, que divulga cloroquina e desaconselha a vacina, ficará impune?
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Não há nada mais inútil que a lata de lixo da história. Sempre que algum personagem importante contraria a civilidade ou a ética e ninguém consegue puni-lo, surge uma voz que repassa a responsabilidade de condenação para o futuro. Geralmente dá errado. Como se sabe, muitos vilões históricos morreram ricos e alguns deles são lembrados com respeito - viram nomes de rua, até.
Não serve de consolo, portanto, imaginar que em algum momento distante dos próximos anos Jair Bolsonaro será condenado pelos crimes que comete como presidente do Brasil.
Na maior pandemia da história, a dignidade do país é diariamente posta à prova pelo governante que propagandeou remédios ineficazes contra a covid-19 e agora tenta desacreditar a vacina. Nem a Procuradoria-Geral da República cumpre o dever de denunciar o presidente, nem a Câmara dos Deputados cogita impeachment, mesmo diante de tamanha barbaridade.
Impune, Bolsonaro sente-se à vontade para seguir colocando em risco a vida dos brasileiros, usando o peso da Presidência para isso.
Em entrevista, na quinta-feira (6), o ocupante do Palácio do Planalto recomendou que os pais questionem os verdadeiros interesses dos "tarados por vacinas", lançou dúvidas sobre a integridade dos excelentes técnicos da Anvisa e tentou atemorizar a população quanto aos efeitos colaterais dos imunizantes aplicados em crianças.
"A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade", teve a coragem de dizer.
Isso mesmo: a História registrará que o Brasil teve um presidente da República que lamentou a imunização de meninos e meninas. Ele não parece nem um pouco preocupado com isso.
Em lugar de incentivar os pais, Bolsonaro mais uma vez os desestimulou. "Veja os possíveis efeitos colaterais", disse ele, na entrevista.
Esse é o mesmo personagem que passou quase dois anos divulgando o criminoso "kit covid" e obrigando o Ministério da Saúde a ministrar cloroquina a pacientes infectados pelo coronavírus. Nesse embuste, não deu a mínima para os graves efeitos colaterais dos medicamentos que divulgava.
Bolsonaro finge ignorar que de 2019 para 2020, as notificações por efeitos adversos causados pela cloroquina aumentaram de 139 para 916. Um crescimento de 558%.Os problemas relatados foram distúrbios dos sistemas nervoso, gastrointestinal, psiquiátrico e cardíaco.
Se isso não é crime contra a saúde pública, o que será?
A lata de lixo da história não é a solução para Bolsonaro, já que por atos e omissões ele não para de causar prejuízos à população.
Apesar disso, com as instituições nacionais deixando a barbárie correr solta, muitos transferem suas esperanças para os justiceiros do futuro.
Não há maior indício de que, no presente, a Justiça não está funcionando.
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