'Coitados' golpistas continuam tramando contra a democracia
A prisão de Diego Ventura, o valentão que fugiu para não ser preso na arruaça de 8 de janeiro, mostra que a Polícia Federal felizmente continua firme no trabalho de identificação dos golpistas que protagonizaram um dos momentos mais tristes da história do Brasil. Seis meses após a invasão das sedes dos Poderes da República, Ventura talvez achasse que não se lembrariam mais dele. Pretendia até participar de um evento com outros reacionários na cidade de Campos, região norte do Rio de Janeiro.
A tal "assembleia nacional da direita brasileira" é uma reunião de golpistas que defende as mesmas ideias antidemocráticas que no ano passado eram anunciadas à frente dos quartéis. Um dos que convocaram para os debates na cidade de Campos foi o deputado Zé Trovão (PL-SC), conhecido incentivador do golpe, que se notabilizou por assumir seu mandato de tornozeleira eletrônica (depois, o ministro Alexandre de Moraes o dispensou do adereço).
O perfil dos participantes é daqueles personagens que repetem o lema "Deus, pátria e família", para fazer exatamente o contrário dos ensinamentos cristãos, o inverso do que se espera de um patriota e de comportamento nada familiar.
Em março, o mesmo evento foi realizado na cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul, com a participação de figuras que atacavam a "ideologia de gênero" (algo que só existe na cabeça desses lunáticos), a "doutrinação política" de professores e padres e exaltavam Jair Bolsonaro.
A reação das autoridades policiais e do Judiciário para punir o golpismo de 8 de janeiro foi rápida e rigorosa, mas esse tipo de mobilização prova que está redondamente enganado quem achar que os conspiradores voltaram para os bueiros. Eles continuam a espreita, enquanto seus representantes no Congresso fazem o possível para fazer crer que são espécimes inofensivos. É esse lenga-lenga que repetem senadores como Eduardo Girão (Novo-CE), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Rogério Marinho (PL-RN) - este chegou a simular choro.
Não tem nada de "coitado" um ativista como Diego Ventura, que já em dezembro tinha sido preso pela PM com estilingues, rádios comunicadores e faca quando se encaminhava para o Supremo Tribunal Federal (acabou solto pouco depois). No dia da invasão nos prédios da Esplanada, estava chutando grades de contenção e agindo ao lado de Ana Priscila Azevedo, outra líder do movimento.
Sob o mesmo transe, no dia 12 de dezembro, houve tentativa de invasão ao prédio da PF, em Brasília, e depredação generalizada, inclusive com a tentativa de empurrar um ônibus do alto de um viaduto. Na véspera de Natal, aconteceu a tentativa de atentado terrorista, que faria explodir um caminhão de combustível perto da pista do aeroporto. E no dia 8 de janeiro, o mundo assistiu, perplexo, à invasão das sedes dos Poderes da República.
Em todos esses incidentes graves, houve envolvimento daqueles "patriotas" que estavam à porta do Quartel General do Exército - no caso da bomba, foi naquele local que o plano foi arquitetado e o artefato preparado. Gente a que os políticos bolsonaristas se referem como avô e avós, trabalhadores, gente de família.
Sejam jovens impulsivos ou senhores e senhoras de cabelos brancos, todos têm sua parcela de culpa. Estão longe do perfil de "coitados" que Girão, Mourão, Marinho e outros parlamentares querem lhes atribuir.
O delírio golpista continua aceso.
Diante disso, constatar que parlamentares pagos com nosso dinheiro e que deveriam defender a democracia minimizam essa ameaça, leva à conclusão que, na verdade, os verdadeiros coitados somos nós.
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