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Moro: Gilmar Mendes erra muito e Lula deveria estar preso
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Em entrevista exclusiva ao canal de Youtube deste colunista, Sergio Moro explicou que evita reagir aos ataques de Gilmar Mendes por não querer transformar suas críticas ao Supremo Tribunal Federal em confronto pessoal com qualquer ministro, nem ser confundido com Jair Bolsonaro, que já reagiu à Corte com ameaças de golpe de Estado.
O pré-candidato do Podemos à Presidência da República, no entanto, apontou que Gilmar erra muito ao se despir do papel de magistrado e, também, ao proferir decisões que afetam o combate à corrupção, junto com parte do Supremo.
Segundo Moro, Lula deveria estar até hoje cumprindo pena, a decisão do STF de derrubar a prisão em segunda instância foi a pior da história, e não existe motivo algum para a anulação das condenações do petista. "Não existe país que avança, inclusive economicamente, baseado em corrupção desenfreada", declarou o ex-juiz da Lava Jato.
Leia o trecho:
"Eu não tenho nenhum problema em falar sobre o STF. Eu respeito o STF como instituição. Acho que ali tem bons ministros. Vou citar aqui o presidente Luiz Fux. Acho que é um grande magistrado. Ele inclusive votou vencido nessas anulações da condenação do ex-presidente Lula. Ele sempre decidiu em favor da operação Lava Jato e do combate à corrupção. Então a gente tem que respeitar a instituição. Como o STF foi atacado duramente pelo presidente atual, Bolsonaro, e ficou aquele viés anti-instituição, eu não quero ser confundido com isso.
Então, quando eu trato do STF, eu quero sempre ser bastante cuidadoso para deixar claro que eu acho que é uma instituição importante, relevante, mas também não tenho me abstido de dizer que foi um baita erro judiciário a anulação da condenação do ex-presidente Lula. Não existe nenhum motivo para essa anulação.
Aliás, o STF, em março de 2018, foi quem autorizou a prisão do ex-presidente. Eu não decretei a [prisão] preventiva dele. Até poderia. Tinha motivos. Porque ele passava o tempo todo atacando o Judiciário e buscando intimidar o Judiciário e impedir que a gente fizesse o nosso trabalho. Por muito menos, o Supremo prendeu o Roberto Jefferson. Enfim, esperei o julgamento da primeira instância. Proferi a sentença. Esperei que o tribunal de Porto Alegre [TRF-4] confirmasse a decisão. E foi o tribunal de Porto Alegre que mandou expedir o mandado de prisão. Mas só fez isso porque o ex-presidente tinha tido um habeas corpus denegado pelo STF em março de 2018. E ele foi preso. E ele foi lá cumprir a pena, onde ele deveria estar até hoje: cumprindo essa pena.
Veio o STF, reviu a prisão em segunda instância. Foi a pior decisão, a meu ver, da história do STF, por maioria. Eu tentei lutar contra isso. E depois veio a anulação da condenação do ex-presidente, com uma fantasia de que ele foi perseguido, e nunca foi. Nunca tratei isso do ponto de vista pessoal.
Então não me abstenho de criticar o Supremo, mas não quero transformar isso num confronto pessoal, seja com o Supremo, seja com qualquer ministro. Eu quero olhar para frente. Eu quero ter um Supremo que atue institucionalmente e em favor do combate à corrupção.
Não tenho nenhum problema pessoal com o ministro Gilmar Mendes. Acho que ele erra muito ao se despir do papel de magistrado e fazer essas críticas. Ele deveria ser um ator em favor do combate à corrupção, como já foi durante o mensalão, como foi antes de 2016. Sinceramente, o que eu espero é que ele volte a ter um papel dessa espécie. E ele erra quando, junto com parte do Supremo, profere essas decisões que afetam o combate à corrupção.
Porque não é uma questão de 'Sergio Moro' - não quero falar aqui em terceira pessoa -, não é uma questão de 'Deltan', não é uma questão de guerra de egos, é uma questão importante para o país, institucional. Não existe país que avança, inclusive economicamente, baseado em corrupção desenfreada. E o Judiciário, e o STF, tem um papel fundamental no combate à corrupção, e eu espero que essa torrente de decisões contrárias sejam revertidas. Mas não vou entrar nessa briga pessoal com nenhum ministro do STF."
Moro apenas relembrou - como fiz neste artigo - que "tem um vídeo claro em que o ministro Gilmar Mendes critica o PT por ter se apropriado da Petrobras, inclusive ele fala que o PT era contra as privatizações, porque ele [o partido] simplesmente queria utilizar as estatais para arrecadar dinheiro para as eleições".
"Esse é um vídeo que está na internet, é uma declaração dele. Eu não vejo o que mudou desde então que justifique essa mudança de posição", concluiu o ex-juiz.
Assista acima à íntegra da entrevista, na qual Moro também detalhou o recado de um militar do governo de que Jair Bolsonaro não queria a prisão em segunda instância, comentou a motivação por trás do abandono da pauta anticorrupção pelo presidente, além dos projetos da chapa do Podemos para o país em áreas como economia, saúde e educação. Inscreva-se no meu canal: aqui.
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