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Felipe Moura Brasil

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaro desmoraliza próprio slogan e se coloca acima do Brasil

Colunista do UOL

07/09/2022 22h41

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Na cobertura especial do 7 de setembro, no UOL ao vivo, falei sobre o dia de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), que se apoderou do Bicentenário da Independência, data que deveria ser de reflexão sobre a história do Brasil.

Candidato à reeleição, Bolsonaro transformou o 7 de setembro em comícios para apoiadores em Brasília e no Rio de Janeiro. Desqualificou pesquisas eleitorais, comparou primeiras-damas e, como se sua performance sexual tivesse alguma relevância para o destino do país, puxou um coro de "imbrochável" - mais uma tentativa de reafirmar masculinidade e virilidade, própria de gente insegura. O presidente também voltou a apelar ao discurso maniqueísta da "luta do bem contra o mal", na qual ele próprio seria o enviado de Deus para dissipar a ameaça do comunismo.

"Queria dizer que o Brasil já passou por momentos difíceis, mas por momentos bons, 22 [revolta tenentista], 35 [intentona comunista], 64 [golpe militar], 16 [impeachment de Dilma Rousseff (PT)], 18 [eleição presidencial] e agora, 22. A história pode repetir, o bem sempre venceu o mal. Estamos aqui porque acreditamos em nosso povo e nosso povo acredita em Deus", afirmou Bolsonaro, durante café da manhã, antes de partir para a cerimônia no Distrito Federal.

Como costuma fazer, Bolsonaro misturou mentiras a pautas legítimas (como as posições contrárias à legalização das drogas e do aborto), das quais tenta se apropriar para criar um senso de identidade tribal que faça com que as pessoas relevem a sujeira de seu governo e de sua família.

Ele deu a entender, por exemplo, que "combate a corrupção pra valer", como se não fosse o patriarca da família envolvida com funcionários fantasmas que sabotou a CPI da Lava Toga, indicou um petista à PGR para ser blindado, acabou com a Lava Jato, sancionou restrições à delação premiada e à prisão preventiva, afrouxou a Lei de Improbidade Administrativa (cujas alterações sua defesa usa no processo envolvendo Wal da AçaÍ), interferiu na Polícia Federal para que fossem trocados os delegados que atingiam os interesses do bolsonarismo, e permitiu a farra nos ministérios da Educação e do Meio Ambiente, além do orçamento secreto.

Bolsonaro, no Rio, ainda tentou se limpar na sujeira de Lula, chamando de "quadrilheiro de nove dedos" o candidato do PT, que reagiu com o mesmo expediente, destacando em vídeo a compra de imóveis pela família do presidente com dinheiro vivo.

A independência do país foi mero detalhe no 7 de setembro bolsonarista, porque o usurpador da data histórica não é Brasil, mas, sim, "Bolsonaro acima de tudo".

A Live UOL estará de volta nesta quinta-feira, 8. Com Madeleine Lacsko, debato os principais assuntos do país diariamente, das 17h às 18h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.