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Felipe Moura Brasil

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O eixo Lira-Gilmar de poder

Colunista do UOL

29/11/2022 16h18

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O bolsonarismo facilitou tanto a vida do lulismo que nem é mais preciso desenvolver esquemas criminosos como mensalão e petrolão para comprar apoio parlamentar.

Basta consentir com a manutenção do orçamento secreto e a reeleição de Arthur Lira na presidência da Câmara, como faz o governo eleito no período de transição, embora ainda vá encarar uma ala de opositores no Congresso.

Em meio ao duelo de lideranças populistas, com retóricas de direita reacionária e esquerda perdulária, Lira virou o amortecedor do golpismo bolsonarista e da irresponsabilidade fiscal petista, mas pode afrouxar esses limites e fazer concessões pontuais, a depender das contrapartidas.

O Centrão precisa de estabilidade institucional e econômica para garantir suas mamatas, como as emendas de relator, de modo que o deputado federal concentra o poder resultante da dependência de agentes públicos e financeiros do filtro parlamentar aos excessos ideológicos de cada lado.

Para isso, ele conta com o apoio do guardião do sistema, Gilmar Mendes, seu protetor no STF e homenageado em sua residência oficial ao completar 20 anos na Corte. O ministro é o articulador político que, de um lado, almoça em Portugal com Lula e seu fornecedor de aviões, José Seripieri Júnior, ambos já livres de processos em que Gilmar atuou; do outro, reúne-se no Brasil com Bolsonaro, os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Jorge Oliveira (TCU), além do dono do PL, Valdemar da Costa Neto, dando a entender que o Supremo poderá ter boa vontade com o presidente após o governo, caso ele desmobilize atos de contestação eleitoral e pró-intervenção militar.

Considerando, também, que o STF segue postergando decisão sobre o próprio orçamento secreto, enquanto o mecanismo aparece como moeda de troca em negociação da PEC do Estouro, o eixo Lira-Gilmar de poder garante a acomodação geral de interesses em Brasília, sob os denominadores comuns do patrimonialismo e da impunidade.

Lula e Bolsonaro passam. Eles ficam.