Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O eixo Lira-Gilmar de poder
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O bolsonarismo facilitou tanto a vida do lulismo que nem é mais preciso desenvolver esquemas criminosos como mensalão e petrolão para comprar apoio parlamentar.
Basta consentir com a manutenção do orçamento secreto e a reeleição de Arthur Lira na presidência da Câmara, como faz o governo eleito no período de transição, embora ainda vá encarar uma ala de opositores no Congresso.
Em meio ao duelo de lideranças populistas, com retóricas de direita reacionária e esquerda perdulária, Lira virou o amortecedor do golpismo bolsonarista e da irresponsabilidade fiscal petista, mas pode afrouxar esses limites e fazer concessões pontuais, a depender das contrapartidas.
O Centrão precisa de estabilidade institucional e econômica para garantir suas mamatas, como as emendas de relator, de modo que o deputado federal concentra o poder resultante da dependência de agentes públicos e financeiros do filtro parlamentar aos excessos ideológicos de cada lado.
Para isso, ele conta com o apoio do guardião do sistema, Gilmar Mendes, seu protetor no STF e homenageado em sua residência oficial ao completar 20 anos na Corte. O ministro é o articulador político que, de um lado, almoça em Portugal com Lula e seu fornecedor de aviões, José Seripieri Júnior, ambos já livres de processos em que Gilmar atuou; do outro, reúne-se no Brasil com Bolsonaro, os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Jorge Oliveira (TCU), além do dono do PL, Valdemar da Costa Neto, dando a entender que o Supremo poderá ter boa vontade com o presidente após o governo, caso ele desmobilize atos de contestação eleitoral e pró-intervenção militar.
Considerando, também, que o STF segue postergando decisão sobre o próprio orçamento secreto, enquanto o mecanismo aparece como moeda de troca em negociação da PEC do Estouro, o eixo Lira-Gilmar de poder garante a acomodação geral de interesses em Brasília, sob os denominadores comuns do patrimonialismo e da impunidade.
Lula e Bolsonaro passam. Eles ficam.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.